domingo, maio 02, 2010

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES ORGANIZA JORNADA NO ÂMBITO DO ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE


















O Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), associação para a defesa do património do concelho de Rio Maior, realizará, em colaboração com o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), no próximo dia 22 de Maio, uma Jornada no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, com o seguinte programa:

10h00 - Passeio à Serra dos Candeeiros (inscrição limitada, mediante contacto com a Direcção do CER).
13h00 - Almoço na Cooperativa Terra Chã.
16h00 - Conferência pública, proferida pelo Professor Doutor Fernando Mangas Catarino, na Biblioteca Municipal de Rio Maior, sob o título "Candeeiros que iluminam a Biodiversidade".

O distinto orador é Licenciado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) (1958), Doutorado em Biologia (1969) e Professor Catedrático, Jubilado em 2002 após 50 anos de docência na FCUL. Autor de extensa bibliografia, o Professor Doutor Fernando Mangas Catarino exerceu, durante duas décadas, as funções de Director do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências.

O CER convida todos os riomaiorenses a marcarem presença neste evento.

In Região de Rio Maior nº1125, de 30 de Abril de 2010

sexta-feira, abril 09, 2010

Por terem utilizado a Mina do Espadanal como lixeira, CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES INTERPELA CÂMARA MUNICIPAL



















Segundo relata o presidente da direcção do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), João Pulquério Antunes de Castro, "em reunião ordinária realizada no passado dia 26 de Março, a direcção do CER tomou conhecimento, por comunicação de vários associados, da deposição de resíduos, provenientes da recolha efectuada no projecto Limpar Portugal, no espaço urbano envolvente à antiga Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

Após visita ao local, por dirigentes desta Associação de Defesa do Património, foi possível confirmar a gravidade da situação, que constituiu não apenas um atentado ambiental em pleno espaço urbano, como também uma negligência em face do processo de defesa do património mineiro amplamente suportado pela comunidade riomaiorense ao longo dos últimos anos.

Considerando tratar-se de um espaço urbano de elevada sensibilidde histórica - o que aliás é reconhecido pelo executivo camarário no seu programa eleitoral, no qual se propõe lançar um plano de restauro faseado do complexo mineiro, com instalação de núcleo museológico e criação de espaço verde público - e tendo simultaneamente em conta a proximidade de escassas dezenas de metros a um dos Centros Escolares da cidade, a direcção do CER oficiou à Câmara Municipal de Rio Maior solicitando a remoção urgente dos resíduos depositados, bem como a limpeza de todo o espaço envolvente da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal".

O Dr. João de Castro finaliza o seu relato reconhecendo que a presidente da Câmara Municipal, Isaura Morais, "assumiu a rápida resolução deste lamentável incidente, tendo os resíduos sido imediatamente removidos do local."

C.D.




















In Região de Rio Maior nº1122, de 9 de Abril de 2010

terça-feira, dezembro 08, 2009

MINAS DO ESPADANAL APRESENTADAS NO XXIX ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL.


























No passado dia 14 de Novembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sob o enquadramento de um painel internacional dedicado às Memórias do Trabalho, composto por comunicações de investigadores de nacionalidade portuguesa, brasileira e francesa, a história e o património do período mineiro riomaiorense foram apresentados ao XXIX Encontro da Associação Portuguesa de História Económica e Social (APHES), subordinado ao tema: "Memória Social, Património e Identidades".

A comunicação, da autoria do arquitecto Nuno Alexandre Rocha, vice-presidente do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), com o título "Minas do Espadanal (Rio Maior) Memória, Património, Identidade", sintetizou o mais recente volume de conhecimento produzido na análise de documentação inédita, em desenvolvimento no âmbito de tese de mestrado inscrita no Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e expôs os conceitos de intervenção patrimonial que vêem informando o processo de estudo e salvaguarda do património mineiro riomaiorense, suscitando interessante debate.

Este processo, amplamente divulgado nas páginas do jornal Região de Rio Maior desde 2006, e que permitiu assegurar, num difícil e prolongado diálogo com a Câmara Municipal de Rio Maior, a preservação da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, aponta soluções de futuro para a recuperação e reutilização faseada daquele conjunto edificado, nomeadamente, num primeiro momento, a instalação definitiva do núcleo museológico mineiro apresentado aos riomaiorenses, na sede do CER, no passado mês de Julho.

In Região de Rio Maior nº1103, de 27 de Novembro de 2009

domingo, julho 19, 2009

MEMÓRIAS DA COMUNIDADE MINEIRA RIOMAIORENSE. Nos 40 anos do encerramento da Mina do Espadanal.













Jornada comemorativa dos 40 anos do encerramento das Minas do Espadanal.

O Centro de Estudos Riomaiorenses levou a efeito no passado sábado, 11 de Julho, uma jornada comemorativa da passagem de 40 anos sobre o encerramento das Minas do Espadanal a qual começou na sua sede, sita no nº21 da Rua D. Afonso Henriques, com uma singela sessão que serviu para situar a efeméride e a constituição da Comissão de Antigos Funcionários da Empresa Industrial Carbonífera e Electrotécnica (EICEL), matéria de que se encarregou Nuno Rocha, vice-presidente do CER. No mesmo local está patente uma interessante exposição de fotografias da época de exploração das minas de lignite de Rio Maior - "algumas delas inéditas", sendo a mostra "um contributo para o enriquecimento da memória colectiva da população do concelho de Rio Maior", referiu o presidente do CER, João de Castro. A exposição, denominada "Memórias da Comunidade Mineira Riomaiorense" inclui alguns artefactos utilizados pelos mineiros.

Convidado de honra, Silvino Sequeira garantiria que enquanto ele for presidente da Câmara Municipal de Rio Maior o que resta das instalações da Mina do Espadanal "é intocável", tendo recordado que ainda há poucos anos a autarquia, como representante dos riomaiorenses havia assegurado a passagem das mesmas para a sua posse e que posteriormente prestou homenagem aos mineiros com uma estátua evocativa, na Avenida Mário Soares. Silvino acredita que lá para os anos vinte Rio maior voltará a ter caminho-de-ferro, agora uma moderna linha a ligar Caldas da Rainha a Rio Maior e Santarém.

De seguida dirigiram-se todos, a maioria a pé, para as antigas instalações das minas, para uma fotografia de grupo, incluindo o presidente da Câmara, que acabara de se inscrever como sócio do Centro de Estudos Riomaiorenses.

Depois, no restaurante "O Retiro do Cândido" decorreu um animado convívio entre os corpos sociais do CER e os antigos funcionários da EICEL como seus convidados. Albino Vivo, de Arrouquelas, que se associou graciosamente ao evento tocou acordeão e António Feliciano e Rui Andrade, da direcção do CER cantaram, acompanhados por muitos outros, "O Fado do Mineiro", melodia interpretada em 1945 por Alves Coelho, Filho, no âmbito da opereta "E o sonho foi realidade...", levada a cena em Rio Maior, trecho alusivo a essa importante comunidade que aqui se radicou.
De registar que nesse local existiu a taberna do Luís Romão, um dos muitos sítios onde os mineiros se juntavam pra confraternizar após regresso do trabalho. Este excelente convívio terminou com uma intervenção do presidente da Assembleia Geral do CER, Professor Doutor Laureano Santos.













Entretanto, tivemos ocasião de conversar com alguns antigos mineiros que nos manifestaram a sua comovida satisfação por verem as memórias da mina serem avivadas, para que toda a comunidade as interiorize como parte integrante da sua história: "É um dia inesquecível! A mina foi uma grande obra que se fundou em Rio Maior, trabalhei lá vários anos e tenho saudades desse tempo que acabou, por isso estou deveras emocionado", disse-nos Albino Aguiar.
Para o ex-mineiro António Severino Pereira "é bom reconhecerem que vale a pena preservar a memória das Minas do Espadanal. Gostei imenso desta cerimónia e da exposição", afirmou; e apontando para uma das fotos: "Eu trabalhei com aquela máquina!"
João Severino Inácio, mineiro logo aos 13 anos de idade, em 1946, também se declarou muito satisfeito "porque isto faz parte da história de Rio Maior e não há dúvida nenhuma que é muito interessante a iniciativa que estes senhores tiveram".
Júlio Martins Filipe foi outro dos antigos mineiros presentes. Começou a trabalhar a 3 de Junho de 1957, aos 18 anos: "Umas vezes andava cá fora, outra ía lá para baixo, conforme onde o trabalho apertasse mais", conta. "Aquilo eram trabalhos duros, tanto cá fora como lá dentro: empurrar as vagonetas, carregar o comboio, carregar aquele pó à pá... andávamos ali metidos numa nuvem!". Quanto à intocabilidade do património mineiro, embargou-se a voz ao Sr. Júlio e já não conseguiu dizer mais nada.
















MEMÓRIAS DA COMUNIDADE MINEIRA RIOMAIORENSE - Nuno Rocha situa constituição da Comissão de Antigos Funcionários da EICEL

Homenageamos hoje os homens e a sua capacidade de, pelo trabalho, reinventarem o futuro da comunidade na qual se inserem.
Durante 53 anos, entre 1916 e 1969 a história do período mineiro e da introdução na vila de Rio Maior dos paradigmas da sociedade industrial foi erguida por homens com a tenacidade de António Custódio dos Santos (descobridos legal da Mina do Espadanal), a capacidade de decisão de Ferreira Dias (Subsecretário de estado da Indústria que determina a construção da via-férrea Rio Maior - Vale de Santarém) ou a competência e valor humano do Engº Luís Falcão Mena (director-técnico da EICEL), mas elevou-se também, e sobretudo, do esforço anónimo de centenas de operários, na sua maioria trabalhando e vivendo em condições de extrema dificuldade.

Com efeito, em plena Segunda Guerra Mundial, o Couto Mineiro do Espadanal foi chamado pelo Estado Novo a cumprir uma função de reserva estratégica de combustível para a alimentação da indústria nacional e principalmente com o objectivo de assegurar a produção ininterrupta de electricidade na região de Lisboa.
O investimento do governo na lavra intensiva das lignites de Rio Maior resultou entre 1942 e 1945 num afluxo de cerca de 1.500 pessoas, entre operários admitidos à exploração mineira e respectivas famílias, a uma freguesia de Rio Maior que em 1940 contava com uma população de apenas 6.760 habitantes, provocando no imediato a ruptura da capacidade local de alojamento e assistência social.

Esta população emergente, que se fixa no pós-guerra com a construção da Fábrica de Briquetes, imprimiu o ritmo de um novo tempo à vila de Rio Maior.
A empresa concessionária e as entidades locais desenvolverão ao longo das décadas de 40, 50 e 60 um conjunto de medidas de integração e melhoramento das condições de vida da comunidade mineira, procurando resolver o problema da habitação com a edificação de novas áreas residenciais e dinamizando a actividade social, cultural e desportiva com a criação de estruturas associativas que terão um papel central na promoção de um período de intensa participação cívica dos riomaiorenses.

No plano cultural, o Grupo Cénico Zé P'reira, fundado em 1941, não será indiferente a esta nova realidade social, levando ao palco peças de inspiração mineira, das quais se destaca a opereta" E o sonho foi realidade..." apresentada em 1945 como uma apologia da vida dos mineiros.
Também a música terá o seu espaço no seio da comunidade mineira com o Grupo Coral e Orquestra folclórica do Círculo Cultural de Rio Maior, fundado em 1956, e que tem como primeiro regente o Maestro António Gavino, funcionário da EICEL.

No capítulo desportivo reside talvez uma das maiores glórias da vida associativa mineira, com a fundação em 1945 do Clube de Futebol "Os Mineiros" - colectividade determinante na promoção da prática desportiva local, que representa o concelho nos campeonatos regionais e nacionais, desenvolvendo em simultâneo uma intensa actividade cultural na sua sede. Na década de 70, após o encerramento da extracção mineira, o clube mudará de designação, dando origem ao actual União Desportiva de Rio Maior.

No plano social, a EICEL promove, através da acção meritória do seu director-técnico Engº Luís de Abreu Falcão Mena, a criação de um Centro de Assistência Infantil, em 1947, de uma Cooperativa de Pessoal da empresa, em 1948, (com a sua cantina aberta na Rua 5 de Outubro), de uma Escola para formação de operários, em 1956, (em adesão à Campanha nacional de Educação de adultos), e desenvolve a assistência na saúde em posto médico próprio, renovdo em 1962.

Este intenso movimento social é interrompido a 6 de Julho de 1969, com a suspensão da actividade das minas de lignite, tendo como objectivo a reconversão da lavra para alimentação de central termoeléctrica, que augurava um período de duas décadas de crescimento económico da vila de Rio Maior, cuja construção não se concretizará.

Um importante espólio documental e todo o equipamento móvel da exploração mineira, que presentemente procuramos recuperar, acabariam por se dispersar nas quatro décadas seguintes.
A recuperação da memória do período mineiro tem no trabalho académico de Ivan Costa, publicado no jornal Região de Rio Maior no final dos anos 90, um importante contributo.
O Processo de Estudo e Salvaguarda do Património Mineiro, com início em 2005, estabelece-se como tentativa de inverter o curso de décadas de alienação da memória e destruição de património, constituindo o ponto de partida de uma proposta cultural abrangente, materializada posteriormente na constituição do Centro de Estudos Riomaiorenses.
Sintetizando diferentes iniciativas desenvolvidas ao longo de 3 anos foi possível obter, em 2008, com a realizaão da I jornada do Património Mineiro, em co-organização com a Associação portuguesa para o Património Industrial, o reconhecimento geral da importância do legado da actividade mineira no nosso concelho e das suas potencialidades na qualificação da vivência urbana da cidade de Rio Maior.
Em face do risco de perda das derradeiras evidências deste período histórico decisivo apresentámos à Câmara municipal, em Outubro de 2008, uma proposta de classificação do Complexo Mineiro do Espadanal enquanto Património de Interesse Municipal, que se encontra em apreciação.

Não pretendemos, contudo, enunciar apenas a existência de um problema, de cuja resolução se fará, ou não, uma aposta decisiva na Identidade Local. É nosso objectivo contribuir para a definição de soluções, tendo presente que um projecto desta envergadura se cumprirá, necessariamente, em pequenos passos, seguros.
Assim, e no âmbito de extensa recolha documental em curso, disponibilizamos a partir de hoje, ao concelho de Rio Maior, e em permanência, o núcleo inicial de um futuro pólo museológico dedicado ao património mineiro. erguido com os parcos recursos de que dispomos, é o resultado da dedicação dos riomaiorenses à valorização de uma herança que nos é comum - a nossa memória colectiva.

Termino, relembrando a união dos riomaiorenses, em 1922, em defesa do projecto de exploração das lignites de Rio maior pela EICEL, em abaixo-assinado subscrito pela Câmara Municipal, todas as Juntas de Freguesia e mais de 200 cidadãos, enviado ao Ministério do Trabalho.
Quase nove décadas depois cabe aos riomaiorenses de hoje a produção de um novo compromisso colectivo que permita fazer perdurar o legado desses pioneiros sabendo, como eles, encontrar nas Minas do Espadanal um meio de valorização da nossa comunidade.

(Fotografias gentilmente cedidas pelo Jornal Região de Rio Maior).

In Região de Rio Maior nº1084, de 17 de Julho de 2009.

domingo, julho 05, 2009

MEMÓRIAS DA COMUNIDADE MINEIRA RIOMAIORENSE. JORNADA COMEMORATIVA DOS 40 ANOS DO ENCERRAMENTO DAS MINAS DO ESPADANAL.















O Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), no âmbito do seu plano de actividades, organizará no próximo dia 11 de Julho (sábado) uma jornada dedicada à antiga comunidade mineira do concelho de Rio Maior, comemorando a efeméride da passagem de 40 anos sobre o encerramento das minas de lignite do Espadanal. Com efeito, no dia 6 de Julho de 1969 a actividade das minas foi suspensa com o objectivo de reconversão da lavra para alimentação de central termoeléctrica, cujos estudos, prolongados até ao final da década de 80, não se concretizaram.

A exploração das lignites no sítio do Espadanal registada em 1916 e concessionada à Empresa Industrial Carbonífera e Electrotécnica, Limitada (EICEL), desde 1920, constituiu a maior organização social do nosso concelho após o seu reconhecimento pelo Estado Novo como reserva energética nacional durante a Segunda Grande Guerra.

Em apenas três anos, de 1942 a 1945, a exploração intensiva destas minas resultou num aumento de 25% da população da freguesia de Rio Maior devido a um afluxo de cerca de 1500 pessoas, entre mineiros e familiares.
Esta população emergente que se fixou no pós-guerra com a viabilização da lavra mineira através da construção da Fábrica de Briquetes, introduziu uma profunda alteração no tecido social da nossa comunidade com repercussões até aos dias de hoje.

Passados 40 anos sobre a suspensão deste esforço industrial de gerações, entendeu o CER homenagear os antigos funcionários da EICEL reunindo-os numa Comissão, constituída no âmbito associativo, com o objectivo de fixar as suas memórias e promover o estudo e divulgação de um período decisivo da história de Rio Maior.

Contribuindo para a criação de um futuro núcleo museológico dedicado ao património mineiro local, inaugurar-se-á no âmbito do programa da jornada de 11 de Julho, uma exposição permanente de fotografias históricas de grande formato, com alguns exemplares inéditos, bem como de artefactos da actividade mineira, na sede do Centro de Estudos, sita na Rua D. Afonso Henriques, nº21, com abertura prevista para as 11h.

O CER convida a população de Rio Maior a estar presente nesta justa homenagem a uma comunidade que, com o seu trabalho, contribuiu decisivamente para o desenvolvimento económico, social e cultural do nosso concelho.

In Região de Rio Maior nº1082, de 3 de Julho de 2009.

sábado, junho 06, 2009

C.E.R. APRESENTOU-SE.

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES APRESENTOU-SE.

REGIÃO QUE NÃO CUIDE DA RECUPERAÇÃO E DA MANUTENÇÃO DO SEU PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL NÃO TEM GRANDE FUTURO.


















O Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) realizou a sua sessão pública de apresentação no derradeiro sábado de Maio, dia 30. Foi no auditório dos Paços do Concelho cujo anfiteatro estava muito bem composto, apesar de ser fim-de-semana, o que pode muito bem atestar do interesse que esta associação para a Defesa do Património do Concelho de Rio Maior está a despertar.

O presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Silvino Sequeira, e a espaços a vereadora da Cultura Ana Cristina Silva, absorvida também nas iniciativas dessa tarde comemorativas do Dia da Criança, foram duas das ilustres presenças nesta sessão.

Também vimos, discreto entre a assistência, o jovem arquitecto que terá sido, porventura, quem despoletou as dinâmicas que levariam à constituição do Centro de Estudos Riomaiorenses: Nuno Rocha, vice-presidente da direcção.

Já na mesa de honra tomaram assento os presidentes eleitos dos primeiros órgãos sociais do CER: o Dr. João de Castro, da direcção; o Professor Doutor Alexandre Laureano Santos, da assembleia-geral e o Coronel Luís Faria Ribeiro, do conselho fiscal. Tinham a seu lado essa figura incontornável da historiografia portuguesa que é o Professor Doutor Veríssimo Serrão, orador convidado que ali havia de proferir a conferência "Rio Maior na História de Portugal" - e se Rio Maior tem História! Até "capital" do reino foi durante um mês e quatro dias, depreendemos nós da convicção de que por certo, em trinta e quatro ou trinta e cinco dias hão-se ter vindo aqui a despacho "secretários" de sua magestade, se é que não os trouxe logo consigo... e depois, nesses tempos de antanho havia o rei e os demais eram apenas súbditos: ele era de facto a "cabeça"... a capital. E se o rei cá esteve tanto tempo é porque havia um Paço! Adiante veremos isso.

Comecemos por deixar a apresentação do porquê do CER ao seu primeiro presidente, João de Castro, em discurso directo:

"É com grande honra e emoção que apresento, publicamente, porque para isso fui indigitado, o Centro de Estudos Riomaiorenses. Associação para a Defesa do Património. Tendo como matriz a Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior, formada com o objectivo de salvaguarda do património mineiro riomaiorense, o Centro de Estudos, associação sem fins lucrativos constituída no dia 29 de Outubro de 2008, rege-se pelos Estatutos, pelo Regulamento Interno, pelas deliberações da Assembleia-Geral, bem como pelas disposições aplicáveis do Código Civil e Legislação Complementar. O Centro de Estudos, constituído enquanto entidade congregadora de todos os riomaiorenses tem, como finalidade a valorização da cultura regional nas suas diferentes expressões materiais e intangíveis, em cooperação com os organismos autárquicos locais e com instituições nacionais e internacionais. Pretendemos a promoção de um compromisso geracional para a legação ao futuro das evidências de uma secular evolução histórica da comunidade riomaiorense. É nossa intenção e, decerto de todos os sócios, contrariar a existência efémera das instituições culturais riomaiorenses, erguendo com o contributo da comunidade local um pólo persistente de irradiação de Conhecimento. Temos como objectivo trabalhar em conjunto com todas as instituições autárquicas locais, Escolas, Movimento Associativo Concelhio, Ranchos Folclóricos, Bandas Filarmónicas e todas as organizações representativas de sectores da comunidade riomaiorense. Não deixaremos de aprofundar conhecimentos e procurar transmiti-los aos vindouros relativamente aos usos e costumes da região sendo imprescindível o contacto com as populações com as quais muito temos a aprender, tanto na zona norte serrana e montanhosa como na sul de planície a fazer lembrar os extensos campos ribatejanos. Não desejamos elitismos, porque o que não deve nem pode ser monopólio de uma elite, é a cultura; essa tem de reivindicar-se para a colectividade inteira. Houve quem dissesse um dia que as gerações dos homens são como as das folhas, passam umas e vêm outras. Está na nossa mão o desmentir o significado pessimista desta frase. Só figuram de folhas caídas, para uma geração, aquelas gerações anteriores cujo ideal de vida se concentrou egoisticamente em si e que não cuidaram de construir para o futuro pela resolução em bases largas, dos problemas que lhes estavam postos, numa elevada compreensão do seu significado humano. Uma região que não cuide da recuperação e da manutenção do seu Património histórico e cultural, é uma região sem grande futuro. Não nos esqueceremos do adágio popular, cada terra com o seu uso, cada roca com o seu fuso e, por certo, não deixará de despertar a curiosidade, no seu estudo, dos sócios e dos riomaiorenses em geral, as tradições populares no sentido expresso pelo saudoso professor José Leite de Vasconcelos. Como ele bem dizia, o folclore é um objecto de curiosidade para o povo, porque contém a sua obra. O Ribatejo tem grandes tradições culturais. Não esqueçamos que D. João V, foi buscar a Pernes alguns dos fundadores da Academia Real de História fundada em 1720 que foram os Padres António dos Reis e Luís Cardoso, naturais daquela vila. O exemplo de Lisboa não deixou de logo frutificar em Santarém. Nesta então vila floresceram algumas destas instituições – academias de Santarém – que tiveram títulos bem curiosos, como foram as dos «Singulares», e dos «Apolíneos», dos «Aventureiros», dos «Laureados» e da Academia Scalabitana. Encaradas no seu conjunto estas Academias desvendam aspectos fundamentais da cultura portuguesa do tempo. A existência destes centros de estudo e convívio permite defender que as correntes do pensamento nacional se fizeram sentir em muitas cidades e vilas, não sendo a irradiação do espírito apenas privilégio das pessoas cultas que viviam na órbita da capital. A mais valiosa no que respeita a estudos históricos, como V.ª Ex.ª Senhor Professor Veríssimo Serrão, assegura, foi a dos Aventureiros Scalabitanos, na qual foi primeiro presidente o Padre Luís Montês Matoso. Parafraseando Virgílio Arruda foi aquela Academia fundada por estudantes que ali se achavam de férias e nesse convívio queriam manifestar a sua aplicação às letras. Parece ter herdado parte do prestígio cultural da Academia Real da História, que então vivia horas decadentes. No ano seguinte, em 1746, teve aquela Academia por nome Scalabitana cujo labor revela uma produção de grande interesse cultural. Era este o largo movimento cultural em Santarém no século XVIII. Longe de atingir este desígnio porque apenas o fiz como relato histórico, Rio Maior e o seu concelho tem presentemente, ao contrário de há três dezenas de anos, uma população escolar considerável. Existe uma significativa presença de riomaiorenses a frequentar os diversos graus de ensino superior em universidades portuguesas e estrangeiras e uma notória massa crítica que poderá e deverá ser aproveitada para pensar em conjunto, democraticamente, no progresso de Rio Maior, pelo seu alindamento crescente e para uma melhor qualidade de vida com o aproveitamento invejável do seu posicionamento regional. Há que unir esforços e imprimir acção. A história e a cultura não podem ser esquecidas. Viva Rio Maior!"

Divulgados os objectivos gerais do CER, Alexandre Laureano Santos passou a apresentar o conferencista de "Rio Maior na História de Portugal", o emérito académico Professor Doutor Veríssimo Serrão, ribatejano, natural de Santarém, doutorado por diversas universidades por esse mundo fora e autor de mais de 400 obras. Uma subida honra, tanto mais que a conferência era "a actividade pública inaugural do nosso Centro de Estudos Riomaiorenses", sublinhou o eminente cardiologista e presidente da assembleia geral do CER, lembrando em largas pinceladas o extenso curriculum do orador.

RIO MAIOR NA HISTÓRIA DE PORTUGAL

Limitar-nos-emos, aqui, a sintetizar os factos mais significativos invocados por Veríssimo Serrão, sobre Rio Maior na História de Portugal.

- Rio Maior a partir do Século XVIII (anos 1700) passa a ser um ponto importante das ligações entre o Norte e o Sul.

- Quando Rio Maior chegou a sede de concelho em 1836 já há muito que o merecia. Influenciavam a sua vida o Mosteiro de Alcobaça que aqui buscava minérios; a Ordem de Aviz que se prolongava até às Alcobertas e tinha o castelo de Alcanede e a Ordem de Cristo que possuía muitos bens nestas terras.

-Além de Rio Maior existiam a Azambujeira, pequenas povoações com S. João da Ribeira ou Ribeira de S. João e mais acima Turquel.

- Em 1167 há salinas em Rio Maior.

- No século XIII Rio Maior era uma terra apetecida pelas suas riquezas naturais. Em 7 de Abril de 1250 o Mosteiro de Alcobaça faz uma doação a D. Estêvão Joanes, chanceler de Afonso III, de casas, vinhas, herdades, fornos e moinhos em Rivolo Major (Rio Maior), termos de Santarém.

- Em 1342 existia em Rio Maior a Igreja de S. João. Nesse ano, por indicação do bispo de Lisboa, Vasco Moniz, bispo de Lamego, veio a Rio Maior baptizar as crianças que estavam por baptizar.

- Em 1362, D. Pedro I manda entregar a sua terra de Rio Maior, no almoxarifado de santarém, a um Estêvão Lobo, seu vassalo.

- 1379 - D. Fernando I faz mercê a Gonçalo Vasques, pelos serviços prestados pelos pais à Coroa, de reguengos, casas, vinhas, moinhos, etc. e cobrança de coimas.

- O Conde Andeiro, morto em 1383 pelo Mestre de Aviz, em Lisboa, esteve para ser assassinado em Rio Maior em 1382 pelo uirmão da rainha D. Leonor Teles, era ainda o rei D. Fernando I, vivo. E o conde saíra desarmado, levando apenas uma tocha na mão, do Paço... em Rio Maior.

- Havia um Paço em Rio Maior. A corte esteve em Rio Maior entre 4 de Novembro e 8 de Dezembro de 1382; há documentos régios assinados aqui - eram os Paços de Rui Garcia do Casal.

Mas há mais.

" A história de Rio Maior é muito antiga, o que é preciso é fazê-la. Os jovens, uns que estudem a pré-história, outros os primeiros reinados... Façam uma revista anual com os artigos sobre a história e o papel de Rio Maior. Podem contar comigo. Têm a minha biblioteca em Santarém, vão lá ter, trabalham comigo, vou-lhes dando uns temas que vale a pena aprofundar, para lançarem o Centro de Estudos Riomaiorenses", sugeriu o Professor Doutor Veríssimo Serrão.

Carlos Manuel in Região de Rio Maior nº1078, de 5 de Junho de 2009.

sábado, maio 23, 2009

RIO MAIOR NA HISTÓRIA DE PORTUGAL.

CONFERÊNCIA A PROFERIR PELO PROFESSOR DOUTOR JOAQUIM VERÍSSIMO SERRÃO, DIA 30 DE MAIO, NO AUDITÓRIO DOS PAÇOS DO CONCELHO.

O Centro de Estudos Riomaiorenses, associação para a Defesa do Património do Concelho de Rio Maior, prosseguindo os seus objectivos estatutários em cooperação com os organismos autárquicos locais, promoverá no próximo dia 30 de Maio, pelas 15h30, no auditório dos Paços do Concelho, a sua apresentação pública. Nesta sessão será orador convidado o Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão que proferirá uma conferência subordinada ao tema: “Rio Maior na História de Portugal”.


Nascido em Santarém, o emérito académico, doutorado pelas Universidades de Toulouse, Coimbra e Lisboa, doutor honoris causa pelas Universidades de Montpellier e Madrid, exerceu as funções de reitor na Universidade de Lisboa e presidiu à Academia Portuguesa de História. Neste órgão cimeiro da cultura portuguesa, favoreceu com a sua acção o intercâmbio com numerosos países a nível mundial, tendo o seu prestígio contribuído para a dignificação nacional.


O distinto Professor, agraciado com várias condecorações nacionais e estrangeiras, sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia da Marinha e das Academias Nacionais da Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Chile, Porto Rico e República Dominicana, bem como de outras instituições científicas nacionais e estrangeiras, possui uma obra escrita que ultrapassa já mais de 400 títulos.

A presença na cidade de Rio Maior de tão ilustre académico é extremamente honrosa para todos os riomaiorenses e amigos do nosso concelho e distingue a importância do tema da conferência a proferir com o inquestionável mérito científico do orador.

Integrada no programa da apresentação pública do Centro de Estudos Riomaiorenses terá lugar uma homenagem ao insigne convidado, que tanto tem prestigiado a Cultura Portuguesa.

in Região de Rio Maior nº1076, de 22 de Maio de 2009.

sábado, abril 04, 2009

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES APRESENTA INICIATIVAS À CÂMARA MUNICIPAL




















NA SUA PRIMEIRA REUNIÃO COM A CÂMARA MUNICIPAL
CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES APRESENTA INICIATIVAS.
APRESENTAÇÃO PÚBLICA DO CER AGENDADA PARA 30 DE MAIO NO AUDITÓRIO DOS PAÇOS DO CONCELHO.

No passado dia 16 de Março teve lugar, nos Paços do Concelho, a primeira reunião entre o Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) e a Câmara Municipal de Rio Maior, representada pelo seu presidente, Dr. Silvino Sequeira e a vereadora da cultura, Drª Ana Cristina Silva, que tinham consigo o Arqº Fernando Matias.
A recém criada associação para a defesa do património, representada pelos membros dos corpos sociais Dr. João de Castro, Prof. Dr. Alexandre Laureano Santos, Cor. Luís Faria Ribeiro, Arq. Nuno Alexandre Rocha, Dr. Rui Andrade e Prof. António Feliciano Jr. apresentou ao executivo municipal os seus objectivos estatutários e algumas propostas concretas de colaboração no âmbito do estudo, divulgação e recuperação do património concelhio.

Sessão de Apresentação Pública do CER agendada para o dia 30 de Maio no auditório da Assembleia Municipal.

A primeira iniciativa pública do CER pretende constituir-se enquanto acto inaugural de um processo de aproximação dos riomaiorenses aos temas da identidade local e simultaneamente acto de homenagem a um dos mais importantes contributos para o conhecimento da história e do património da região na qual se insere o concelho de Rio Maior – a obra do Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão.

Na sequência do imediato acolhimento da iniciativa pela autarquia, os trabalhos da Sessão de Apresentação Pública do CER, agendada para o dia 30 de Maio (sábado) pelas 15h30, terão lugar no auditório dos Paços do Concelho. O programa, ainda em preparação, será oportunamente divulgado, prevendo-se a apresentação de palestra pelo Prof. Dr. Veríssimo Serrão, subordinada ao tema “Rio Maior na História de Portugal”.

CER apresenta à Câmara Municipal projecto para Restauro de Fontanário localizado no Centro Histórico de Rio Maior.

Na sequência da realização de estudo técnico para o restauro do fontanário localizado na confluência das ruas João de Deus e David Manuel da Fonseca, no Centro Histórico de Rio Maior, pelo vice-presidente do CER, arquitecto Nuno Alexandre Rocha, foi apresentada à autarquia a disponibilidade da associação para promover os trabalhos de recuperação desta obra que se afirma entre as de maior valor artístico na cidade de Rio Maior.

Verificada a confluência de objectivos da proposta apresentada com o Plano de Reabilitação Urbana da zona antiga da cidade, em desenvolvimento, será o referido estudo integrado no processo em análise pela empresa Augusto Mateus & Associados para futura candidatura a financiamento.

in Região de Rio Maior nº1069, de 3 de Abril de 2009.

sábado, fevereiro 21, 2009

C.E.R. VAI CRIAR UMA BIBLIOTECA E CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ABERTO À COMUNIDADE



















Fotografia: A Mesa da Assembleia-Geral do CER, no momento da leitura da Acta da Reunião de 10 de Janeiro pela Drª Isaura Morais.

ASSEMBLEIA-GERAL APROVA POR UNANIMIDADE E ACLAMAÇÃO O PLANO DE ACTIVIDADES DO CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES

Realizou-se no passado dia 7 de Fevereiro a II Assembleia-Geral do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) – Associação para a Defesa do Património, cuja Ordem de Trabalhos teve como objectivo fundamental a análise e aprovação do Plano de Actividades para o ano de 2009.

O documento apresentado prevê, entre outras actividades, a criação de uma Biblioteca e Centro de Documentação aberto à comunidade e o lançamento de Inventário global do Património Histórico e Cultural do Concelho de Rio Maior, assente em grupos de trabalho formados no âmbito de núcleos temáticos e de freguesia.

Propõe-se a organização dos núcleos temáticos em quatro grandes áreas de estudo cuja dinamização dependerá da disponibilidade dos associados, a saber:

1. Património Cultural;
2. História e Cultura Regional;
3. Estudos Geográficos e Ordenamento do Território;
4. Ciências da Terra e Desenvolvimento Sustentável.

Também está prevista a criação a curto prazo de Grupo de Trabalho para o Estudo e Valorização do Património Mineiro Riomaiorense no âmbito do qual será dinamizada uma Comissão de antigos funcionários das Minas do Espadanal e respectivos familiares.

O CER dará início ainda em Fevereiro aos trabalhos de criação de núcleos representativos das Freguesias do Concelho.

O Plano de Actividades apresentado à discussão agenda para o primeiro semestre de 2009 a apresentação pública do Centro de Estudos Riomaiorenses em grande conferência proferida por figura de relevo no panorama da cultura portuguesa. Prosseguindo a colaboração estabelecida em 2008 com a secção de Minas da Associação Portuguesa de Património Industrial (APPI), realizar-se-á a II Jornada do Património Mineiro do Concelho de Rio Maior, com início no fim-de-semana de 4 e 5 de Julho, data em que se completam 40 anos desde o encerramento das Minas do Espadanal.

O Plano de actividades submetido a votação mereceu a aprovação por unanimidade e aclamação dos membros presentes em Assembleia-Geral.

Durante a tarde realizou-se a visita pelos associados às instalações da futura sede do CER localizadas na Rua D. Afonso Henriques, no Centro Histórico da cidade de Rio Maior.

No curto período de existência da estrutura associativa tem-se verificado uma assinalável adesão da comunidade riomaiorense ao projecto do CER, com a inscrição de várias dezenas de novos associados, abrindo-se assim amplas perspectivas de realização de um importante trabalho de recuperação da Memória Colectiva local.


in Região de Rio Maior nº1063, de 20 de Fevereiro de 2009

sexta-feira, janeiro 23, 2009

I ASSEMBLEIA-GERAL DO CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES

Fotografia (da esquerda para a direita): Prof. António Feliciano Jr.; Prof. Dr. Alexandre Laureano Santos; Dr. Rui Andrade; Sr. José Pulquério; Coronel Luís Faria Ribeiro; Sr. Manuel Sequeira Nobre; Drª Isaura Morais; Arq. Nuno Rocha; Dr. Miguel Paulo; Drª Maria Júlia Figueiredo; Sr. João Verde da Costa; Dr. João de Castro; Drª Maria José Figueiredo.


Realizou-se no passado dia 10 a I Assembleia-Geral do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) – Associação para a Defesa do Património. No âmbito da ordem de trabalhos procedeu-se à eleição dos corpos sociais e à discussão de propostas para o Plano de Actividades a executar em 2009.

Reconhecida a necessidade de promoção de um projecto mobilizador de recuperação da Memória Colectiva, assegurando a transmissão ao futuro de um vasto legado que, na sua quase totalidade, permanece esquecido e em risco de descaracterização, mereceu análise a criação de núcleos de estudo temáticos e representativos de todas as freguesias do concelho de Rio Maior.

Os órgãos eleitos, na prossecução dos objectivos estatutários, deliberaram apresentar às entidades e colectividades concelhias o empenho no estabelecimento de estreita cooperação cívica tendo em vista o estudo e a valorização do Património Histórico e Cultural Riomaiorense.

Os corpos sociais do CER agora eleitos para o quadriénio 2009/2013, traduzindo as alterações aos órgãos nomeados no acto de constituição em Outubro de 2008, ficaram assim constituídos:

Direcção


Presidente:
Dr. João Pulquério Antunes de Castro. Funcionário Superior do Ministério da Justiça aposentado. Vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior.

Vice-Presidente:
Arq. Nuno Alexandre Dias Rocha. Arquitecto. Mestrando em Arte, Património e Teoria do Restauro.

Secretário:
Dr.ª Maria José Moura Figueiredo. Jurista. Técnica Superior da Freguesia de Rio Maior.

Tesoureiro:
Dr. Rui Manuel Fernandes de Andrade. Estagiário de Advocacia. Membro dos Corpos Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior.

Vogais:
Prof. António Machado Feliciano Jr. Professor do Ensino Secundário Aposentado. Director do Jornal Região de Rio Maior.

Sr. José da Silva Pulquério. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior de 1977 a 1980. Presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior de 1980 a 1983.

Sr. Manuel Sequeira Nobre. Empresário. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior de 1980 a 1983.

Dr.ª Maria da Ascenção Adrião Duarte. Assessora para os Assuntos Europeus do Grupo Parlamentar do Partido Socialista à Assembleia da República. Membro da Assembleia Municipal de Rio Maior.

Dr. Miguel Félix Paulo. Licenciado em Direito. Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Rio Maior no mandato de 1997 a 2001.

Mesa da Assembleia-Geral


Presidente:
Prof. Doutor Alexandre José Calisto Laureano Santos. Doutorado em Medicina. Ex-Director do Serviço de Cardiologia do Hospital de Santa Maria.

1º Secretário:
Dr.ª Maria Júlia Faria e Silva Antunes Figueiredo. Licenciada em Literatura e Línguas Estrangeiras. Membro da Assembleia Municipal de Rio Maior.

2º Secretário:
Dr.ª Isaura Maria Elias Crisóstomo Bernardino Morais. Licenciada em Gestão de Recursos Humanos. Presidente da Junta de Freguesia de Rio Maior.

Conselho Fiscal


Presidente:
Cor. Luís Severino Lage Faria Ribeiro. Coronel do Exército Português, especializado em Administração Militar, Reformado.

Secretário:
Sr. João Narciso Verde da Costa. Funcionário do antigo Instituto Geológico e Mineiro, Aposentado. Membro da Assembleia de Freguesia de Rio Maior.

Relator:
Dr. Nuno Leal Santos da Veiga Malta. Advogado. Secretário da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco de Rio Maior.

in Região de Rio Maior nº1058, de 16 de Janeiro de 2009

sexta-feira, novembro 07, 2008

Constituição do Centro de Estudos Riomaiorenses - Associação para a Defesa do Património.

Foi constituído, no passado dia 29 de Outubro, o Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) – Associação para a Defesa do Património, dando sequência ao trabalho desenvolvido pela Comissão para Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior desde Janeiro de 2007 e reafirmando como objecto de actuação:

1 – A promoção de um compromisso geracional para a legação ao futuro das evidências materiais de uma secular evolução histórica da comunidade riomaiorense.

2 – O desenvolvimento do estudo do património concelhio, em cooperação com os organismos autárquicos locais e com as mais credenciadas instituições nacionais e internacionais, tendo em vista a sua preservação com fundamento nos mais rigorosos critérios de salvaguarda patrimonial.

3 – A promoção de acções de sensibilização da comunidade e das entidades com intervenção na gestão territorial, através da regular divulgação pública de um corpo científico e artístico de estudos em torno dos valores locais.

Constituição dos corpos sociais do CER:

Direcção


Presidente:
Dr. João Afonso Calado da Maia.
Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior de 1953 a 1963.

Vice-Presidente:
Arq. Nuno Alexandre Dias Rocha.
Arquitecto. Mestrando em Arte, Património e Teoria do Restauro.

Secretário:
Dr. João Pulquério Antunes de Castro. Funcionário Superior do Ministério da Justiça, Aposentado. Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior.

Vogais:
Prof. António Machado Feliciano Jr.
Professor do Ensino Secundário Aposentado. Director do Jornal Região de Rio Maior.

Sr. José da Silva Pulquério. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior de 1977 a 1980. Presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior de 1980 a 1983.

Sr. Manuel Sequeira Nobre. Empresário. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior de 1980 a 1983.

Dr. Rui Manuel Fernandes de Andrade. Estagiário de Advocacia. Membro dos Corpos Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior.

Dr.ª Maria da Ascenção Adrião Duarte. Assessora para os Assuntos Europeus do Grupo Parlamentar do Partido Socialista à Assembleia da República. Membro da Assembleia Municipal de Rio Maior.

Dr. Miguel Félix Paulo. Licenciado em Direito. Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Rio Maior no mandato de 1997 a 2001.

Mesa da Assembleia-Geral .

Presidente:
Prof. Doutor Alexandre José Calisto Laureano Santos.
Doutorado em Medicina. Ex-Director do Serviço de Cardiologia do Hospital de Santa Maria.

Secretários:
Dr.ª Maria Júlia Faria e Silva Antunes Figueiredo.
Licenciada em Literatura e Línguas Estrangeiras. Membro da Assembleia Municipal de Rio Maior.

Dr.ª Isaura Maria Elias Crisóstomo Bernardino Morais. Licenciada em Gestão de Recursos Humanos. Presidente da Junta de Freguesia de Rio Maior.

Conselho Fiscal .

Presidente:
Cor. Luís Severino Lage Faria Ribeiro. Coronel do Exército Português, especializado em Administração Militar, Reformado.

Vogais:
Sr. João Narciso Verde da Costa. Funcionário do antigo Instituto Geológico e Mineiro, Aposentado. Membro da Assembleia de Freguesia de Rio Maior.

Dr. Nuno Leal Santos da Veiga Malta. Advogado. Secretário da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco de Rio Maior.


in Região de Rio Maior nº1048, de 07 de Novembro de 2008

in Rio Maior Notícias nº88, de 06 a 12 de Novembro de 2008 (a fotografia publicada pelo jornal Rio Maior Notícias, e recolhida neste web site, corresponde à Formação Inicial da Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior, não encontrando correspondência integral nos actuais órgãos sociais do CER (vide Comissão para a Defesa do Património. Actividade. Abril de 2007)

sexta-feira, outubro 17, 2008

Petição pela Classificação do Património Mineiro Riomaiorense apresentada à Câmara Municipal

A Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior estabeleceu como objectivo prioritário, em Janeiro de 2007, a colaboração com a Câmara Municipal de Rio Maior na definição de uma metodologia de salvaguarda do património mineiro riomaiorense.

Encontrando no executivo presidido pelo Dr. Silvino Sequeira uma forte determinação na venda de terrenos e demolição da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, esta associação cívica, entre diversas iniciativas de sensibilização da comunidade, lançou publicamente uma petição pela classificação do património mineiro de acordo com os pareceres emitidos pelas entidades competentes no âmbito de processo de estudo em curso. Obtidas cerca de um milhar de assinaturas, e verificado o cancelamento de negócio de venda e demolição, entendeu a Comissão aguardar uma reapreciação do valor do Património Mineiro pela autarquia, facto que veio a verificar-se em Abril de 2008, mediante reconhecimento público pelo Dr. Carlos Nazaré Almeida, no âmbito da I Jornada do Património Mineiro, da necessidade de promoção de medidas tendentes à recuperação da Fábrica de Briquetes, assumindo um compromisso de candidatura daquele antigo complexo industrial para a instalação do futuro Arquivo Municipal.

No entanto, após regresso do exercício de cargo de gestor do Programa Operacional Regional do Alentejo, o Presidente Dr. Silvino Sequeira reafirma, na reunião ordinária da Câmara Municipal de 9 de Julho, a indisponibilidade para a recuperação e manutenção da integridade arquitectónica da Fábrica de Briquetes, entendendo que o custo da intervenção não é justificado pelo valor do património existente e, ignorando os compromissos assumidos pelo seu vice-presidente, candidata os terrenos da Mina do Espadanal para a edificação de Centro Escolar.

Interrogado em ofício datado de 20 de Agosto, sobre os termos de referência para uma desejável e potencialmente interessante articulação a desenvolver entre o novo equipamento e a preservação e valorização do complexo mineiro, refugiou-se o Sr. Presidente num reiterado silêncio e na declaração pública de uma política de facto consumado, avisando os munícipes através da imprensa local e regional da intenção de lançamento de concurso para execução da obra até ao final do mês de Outubro.

Neste contexto de insistente ausência de clarificação das intenções da autarquia, a Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior, no seio de inédito consenso na vida democrática concelhia, apresentou à Câmara Municipal na passada sexta-feira, dia 10 de Outubro, a Petição pela Classificação da Fábrica de Briquetes, Plano Inclinado de Acesso às Galerias e Receita Exterior da Mina do Espadanal enquanto Património de Interesse Municipal com o objectivo de salvaguardar em definitivo, pela via da criação de instrumentos legais, o mais significativo testemunho arquitectónico da história contemporânea regional.

in Região de Rio Maior nº 1045, de sexta-feira 17 de Outubro de 2008.

segunda-feira, agosto 18, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações. (parte 14)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1035 de 8 de Agosto de 2008, pág.8)

O futuro da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

Embora seja possível e desejável preservar e reutilizar a antiga Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, há ainda vários obstáculos a ultrapassar, nomeadamente os de ordem financeira. Contudo, nada é impossível se existir vontade e imaginação para os ultrapassar.
A antiga Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, uma vez recuperada, será um importante recurso para o concelho de Rio Maior. A vários níveis. A sua reutilização possibilitará, por exemplo, a instalação de equipamentos que o município ainda não dispõe, como é o caso do arquivo municipal. Ou, ainda, um museu sobre a história da mina e da fábrica, o que seria também uma excelente solução, tanto mais que não há, praticamente, museus mineiros em Portugal. Mas, para além destas e, eventualmente, de outras soluções que se possam encontrar para a futura fábrica reabilitada, o facto da mesma constituir um magnífico exemplo de arquitectura industrial modernista – a fábrica foi projectada em 1951 pelos engenheiros alemães Helmudth Kuhn e Lipe, tendo sido concluída em 1955 – poderá atrair visitantes ao concelho, desde que seja efectuada uma adequada divulgação.

Poderá parecer um tanto ou quanto insólito apontar a importância da sua promoção no âmbito do turismo. Na realidade, o turismo representa hoje em dia uma das mais importantes actividades económicas e, obviamente, todas as entidades do sector procuram captar para as suas regiões o maior número de turistas, e os operadores turísticos oferecem uma grande variedade de programas cada vez mais aliciantes. No entanto, o tipo de turismo que se pretende captar com base numa oferta de descoberta do património industrial não é fundamentalmente um turismo de massas, o qual, aliás tem vindo a ser abandonado por muitos responsáveis deste sector, mas sim um turismo cultural, captando um público com interesse em conhecer as realidades culturais das regiões que visita, com poder de compra, com interesse em permanecer pequenas temporadas para melhor explorar todas as vertentes da oferta, ou seja, capaz de fazer com que o retorno dessa actividade seja compensador para essas regiões. E o concelho de Rio Maior tem muito a oferecer neste âmbito.

Há, no entanto, algumas questões que necessitam de ser equacionadas. Em primeiro lugar é necessário apostar na criação de infra-estruturas, tais como alojamento, restauração, centros de acolhimento de visitantes – que podem ser os postos de turismo desde que possuam materiais de divulgação e os seus funcionários sejam alvo de uma formação mínima –, museus, sítios visitáveis, sinalética rodoviária, etc.
No que respeita aos museus – e baseando-nos nas experiências europeias – nas duas últimas décadas, novos
museus e projectos de museus industriais multiplicaram- se um pouco por toda a parte. Nalguns países, como a Grã-Bretanha, os museus industriais foram durante a década de 1980 o tipo de museus que mais cresceu quantitativamente, acompanhando o desenvolvimento e a consolidação da arqueologia industrial naquele país.
Salvaguardando as necessárias diferenças, é nessa perspectiva – de criação de museus, de centros de interpretação, musealização de sítios, etc – que devemos trabalhar. Ou seja, sem os indispensáveis “recursos de património industrial” não será possível elaborar programas de turismo industrial susceptíveis de alcançar um sucesso económico.
Mas não bastam os recursos, embora facilmente se reconheça a sua importância. É necessário, também, dispor de uma estratégia para a promoção do turismo industrial, e esta deverá ser assumida pelas entidades responsáveis pelo turismo.
Estamos convencidos que, actualmente, a antiga Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal já não é encarada com a insensibilidade que ainda há bem pouco tempo a rodeava. As potencialidades que encerra estão à vista de todos. E, tal como no passado, poderá ainda ter muito a dar para o desenvolvimento social, económico e cultural de Rio Maior.

AGRADECIMENTOS:

A Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior agradece a colaboração das entidades participantes e dos riomaiorenses na concretização da I Jornada do Património Mineiro.
À Associação Portuguesa de Património Industrial, em particular ao Dr. José Manuel Cordeiro e ao Prof. José Manuel Brandão, pelo insuperável apoio concedido ao processo de salvaguarda do património mineiro.
Ao arquitecto Jorge Mangorrinha pela relevante colaboração e apoio concedido.
Ao Município de Rio Maior, na pessoa do Sr. Presidente da Câmara Municipal, Dr. Carlos Nazaré, pela cedência da Biblioteca Municipal e pela disponibilidade para análise dos temas do património.
À Sr.ª directora da biblioteca municipal, Drª Paula Pinto, e a todos os funcionários pelo suporte técnico na realização do evento.
Ao arqueólogo Carlos Pereira (CMRM) pela cedência de elementos para exposição.
Aos Srs. José Luís Crisóstomo Ferreira e Vítor Crisóstomo Ferreira pela cedência de maquinaria original do complexo mineiro, para exposição.
Ao Sr. Joaquim da Costa Nazaré pela cedência de fotografias de época para exposição.
Ao Sr. António Severino Pereira (antigo mineiro), pela cedência de material iconográfico para a exposição.
À Sr.ª Dª. Maria Irene Vieira de Carvalho, pela incansável colaboração na recolha de elementos para exposição.
À Sr.ª Dª. Maria Augusta de Sousa, pela cedência de suportes expositivos.
À loja Electro 21, Electrodomésticos, pela cedência de meios audiovisuais para a exposição.
À empresa O Polícia, Materiais de Construção Lda., pelo transporte e colocação na biblioteca municipal de moinho de cilindros da antiga Fábrica de Briquetes.
À tipografia Riográfica pela impressão do material gráfico de divulgação do evento.
À comunidade riomaiorense e visitantes, pela presença e participação na I Jornada do Património Mineiro do Concelho de Rio Maior.

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº 1036, de sexta-feira 15 de Agosto de 2008.

domingo, agosto 10, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações. (parte 13)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1034 de 1 de Agosto de 2008, pág.8)

No caso das minas que têm vindo a ser encerradas, para além de provocarem uma situação de depressão económica e social nas respectivas regiões, assim como graves problemas ambientais, o seu património encontra-se a atravessar um processo de degradação muito rápido, correndo o risco de vir a desaparecer por completo. Há já alguns anos foi anunciado que as minas abandonadas seriam alvo de regulamentação por parte do Ministério do Ambiente que, em articulação com o Instituto Geológico e Mineiro, actual LNEG, elaboraria um plano para requalificar as mais de cinquenta minas abandonadas que já se encontravam identificadas. Em causa está o problema do encerramento das minas sem responsáveis assumidos, provocando assim um vazio de responsabilização que impede a subsequente tomada de iniciativas tanto no domínio ecológico, tendo em vista a poluição por elas causada, como no patrimonial.

Reutilização do património industrial

Uma das soluções que têm sido postas em prática para salvaguardar o património industrial – quando este apresenta qualidade arquitectónica, assim como valor histórico e patrimonial que justifique essas medidas, como é o caso da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal – consiste na sua reutilização. De facto, a conjugação da engenharia, da arquitectura – tendo em consideração os seus desenvolvimentos registados nas últimas décadas –, com as características particulares do património industrial – solidez de construção, amplos espaços interiores, etc – oferece um enorme leque de possibilidades para a preservação deste tipo de património. Apesar se constituir uma prática ainda pouco desenvolvida em Portugal, a reutilização tem vindo a constituir a opção preferencialmente adoptada para a salvaguarda do património industrial, uma vez que são inúmeras as soluções e possibilidades que encerra. Importa, salientar que algumas entidades nacionais comungam também desta mesma interpretação, tendo já sido realizado, um Encontro Internacional subordinado ao tema "Em defesa do património cultural e natural: reabilitar em vez de construir", organizado pelo Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (Gecorpa) e o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território (Geota).

Adaptar e continuar a utilizar edifícios industriais preserva a fisionomia e as características urbanísticas de uma determinada zona citadina, ao mesmo tempo que evita gastos desnecessários com processos de demolição e posterior construção, contribuindo também para o desenvolvimento económico sustentado.
Contudo, como salientou a “Carta para o Património Industrial” elaborada pelo TICCIH – The International Committe for the Conservation of the Industrial Heritage, o organismo consultor da UNESCO para o património industrial –, “a adaptação de um sítio industrial a uma nova utilização, como forma de se assegurar a sua conservação é em geral aceitável, excepto no caso de sítios com uma particular importância histórica. As novas utilizações deverão respeitar os materiais específicos, assim como os esquemas originais de circulação e de produção, e deverão ser compatíveis, tanto quanto possível, com a sua utilização original. É recomendável uma adaptação que evoque a sua actividade original”.

Como foi referido, em Portugal a opção pela reutilização de antigos edifícios industriais é ainda pouco seguida. Prefere-se destruir e voltar a construir de novo, em vez de reabilitar, quando a opção correcta em muitas situações seria a de reabilitar em vez de construir de novo. No entanto, apesar de ainda ser pouco seguida, há entre nós bons exemplos de reutilização de antigos edifícios industriais. A Covilhã, graças à iniciativa da Universidade da Beira Interior, é a cidade portuguesa que mais tem investido na reutilização do património industrial, com magníficos resultados. A Universidade da Beira Interior dispõe de cerca de 180.000 metros quadrados de área construída, e 80% dessa área é área recuperada, ou seja, são as antigas fábricas de lanifícios recuperadas e reutilizadas pelos diferentes serviços daquela Universidade. Mas, na maior parte dos casos, e em grande medida devido à voragem da especulação imobiliária, prefere-se destruir os edifícios sem sequer se equacionar essa possibilidade. Por vezes opta-se por soluções que nada têm a ver com a salvaguarda do património industrial, como, por exemplo, deixar ficar apenas a chaminé embora se tenha arrasado completamente as instalações fabris. Nestes casos, a chaminé – isolada e completamente descontextualizada –, constitui apenas a tradução de um sentimento de má consciência, que procura compensar o acto de destruição do património. Noutros casos opta-se por uma solução igualmente perversa, o “fachadismo”, ou seja, aparentemente conserva-se o edifício industrial mas, na realidade, este encontra-se totalmente alterado e descaracterizado no seu interior, o que significa transformar o património numa espécie de cenário cinematográfico.

Para além do interesse em conservar o património industrial como testemunho de um dos processos mais importantes na história da humanidade, de modo a que os vindouros possam vir a aperceber de como se realizou essa prodigiosa transformação, a sua preservação pode também desempenhar um papel importante na regeneração económica de regiões deprimidas ou em declínio. Como é apontado na “Carta para o Património Industrial”, já referida, “a continuidade que esta reutilização implica pode proporcionar um equilíbrio psicológico às comunidades que se viram confrontadas com a perda súbita de uma fonte de trabalho de muitos anos”.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1035, de Sexta-feira 8 de Agosto de 2008

sexta-feira, agosto 01, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações. (parte 12)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1033 de 25 de Julho de 2008, pág.8)





















Dr. José Manuel Cordeiro, durante a comunicação: “Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, um património a preservar, um património a reutilizar”


PONTO Nº3 DA ORDEM DE TRABALHOS.

A terceira e última comunicação da sessão pública da I Jornada do Património Mineiro abordou, enquanto tema central, a recuperação de espaços industriais representativos de valor histórico e arquitectónico como oportunidade de qualificação do espaço e da vivência urbana contemporânea.

O tema teve apresentação por um dos mais credenciados autores nacionais na área dos estudos do património industrial – Dr. José Manuel Lopes Cordeiro.
Historiador doutorado pela Universidade do Minho com tese sobre “A Indústria Portuense no séc. XIX”, exerce as funções de Presidente da Associação Portuguesa do Património Industrial (APPI), representante em Portugal do Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial (TICCIH) e Professor Auxiliar do Departamento de História da Universidade do Minho. É director da revista “Arqueologia Industrial” e autor de extensa e relevante bibliografia, com particular atenção ao património industrial portuense e do Vale do Ave.

Os conceitos apresentados abrem perspectivas sobre as potencialidades do património mineiro riomaiorense enquanto factor de desenvolvimento cultural e económico da comunidade local, estabelecendo em simultâneo um rigoroso enquadramento metodológico da intervenção a realizar na Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, assente num corpo de conhecimento internacionalmente consolidado.

FÁBRICA DE BRIQUETES DA MINA DO ESPADANAL, UM PATRIMÓNIO A PRESERVAR, UM PATRIMÓNIO A REUTILIZAR.
DR. JOSÉ MANUEL CORDEIRO

O futuro da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, um dos mais notáveis exemplares do património cultural riomaiorense, tem vindo a ser ultimamente bastante debatido, uma vez que existem projectos imobiliários para o local, os quais, a concretizarem-se, implicariam a demolição de todo aquele complexo industrial.

Perante a possibilidade de destruição daquela que foi em tempos não muito remotos uma das principais fontes de riqueza do concelho e que, também por esse motivo, se encontra profundamente enraizada na memória colectiva riomaiorense, tem-se destacado a Comissão para a Defesa do Património Cultural de Rio Maior, que através de múltiplas iniciativas tem procurado alertar a opinião pública e as autoridades locais para a importância daquele conjunto patrimonial e, consequentemente, a necessidade da sua preservação.

Poderá para alguns parecer estranho que se procure preservar um antigo edifício industrial e, ainda para mais, considerá-lo património cultural. No entanto, esta é uma realidade que tem vindo a afirmar-se de uma forma generalizada e que em Portugal encontra também vários exemplos. De facto, as profundas transformações que, um pouco por toda a parte, se têm vindo a registar nas últimas décadas, provocaram um progressivo alargamento do conceito de património cultural, englobando os aspectos materiais da sociedade, os quais até então não eram tidos em consideração. Assim, os vestígios materiais da industrialização que marcou os dois últimos séculos, cada vez mais ameaçados de desaparecimento pelas profundas transformações que a sociedade registou nos últimos decénios, passaram a ser encarados também numa perspectiva patrimonial, como testemunhos de um decisivo período histórico na evolução da Humanidade.

Pelo facto de se tratar de um património recente, associado a um sector que tradicionalmente não era considerado com a dignidade e a importância que justificassem a sua conservação, e também de muitas vezes se encontrar em zonas urbanas que irão ser alvo de processos de reconversão, o património industrial é actualmente, no nosso país, um dos sectores patrimoniais mais ameaçados de destruição. Essa situação decorre não apenas de projectos imobiliários que colocam em risco de destruição o património industrial que se localiza nas zonas urbanas, mas também de situações de puro abandono do que se situa em zonas rurais.


(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1034 de Sexta-feira, 01 de Agosto de 2008.

sexta-feira, julho 25, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 11)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1032 de 18 de Julho de 2008, pág.8)

Para os municípios portugueses, o QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional) dá evidentes oportunidades de financiamento no estabelecimento de parcerias entre autarquias, associações, fundações e a Administração Central, tendo por objectivo o desenvolvimento de programas para promoção do funcionamento em rede de determinados segmentos de património que permitam ao grande público obter perspectivas de enquadramento temático, estilístico e cronológico dos bens históricos, culturais e artísticos, bem como incentivar a práticas inovadoras de gestão e animação.

O investimento em património, se bem que bastante exigente na medida em que se trata de uma tarefa nunca acabada, tem um efeito extraordinariamente multiplicador e uma compensação infinita no campo dos sentimentos. Ninguém ama a sua Terra pela sua economia, mas sim pela sua cultura! E esta não é de esquerda nem de direita, mas sim do foro da inteligência.

O dinheiro que pode ser aplicado no sector da cultura, e no património em particular, constitui um investimento, não um gasto ou uma despesa sem retorno. A cultura é uma alavanca de progresso e desenvolvimento nas sociedades. É elemento gerador de conhecimento, de qualificação, de emprego e de vitalidade económica.

Falar de património não é só falar de pedras e de máquinas. Quando dele falamos, falamos, sobretudo e em primeiro lugar, de pessoas. Pessoas que têm o direito à sua fruição. E que nele se revêem e identificam em torno de uma história comum, de uma cultura partilhada, da memória do esforço e da inteligência dos seus antepassados, ou seja, das suas e nossas raízes. E são estas raízes que nos tornam, hoje, mais coesos e mais solidários.

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Por fim, e uma vez mais, quero saudar a iniciativa do Centro de Estudos Riomaiorenses e da Secção de Minas da Associação Portuguesa para o Património Industrial, por eu considerar que esta realização se trata de uma fórmula construtiva de chamar a atenção para o património, promovendo o debate em seu torno e fomentando, mais do que a sua salvaguarda, a sua salvação pelo perigo do seu desaparecimento.

O nosso pequeno país, mas grande em património, precisa de mais cidadãos sensíveis, inteligentes e perseverantes, no que respeita às questões da memória colectiva de cada concelho. Rio Maior deve-se orgulhar do Nuno Alexandre. Pelo que sei, o dia de hoje deve-se em muito à sua sensibilidade e perseverança. Estou certo que, pela sua generosidade, ele partilhará esta sua primeira conquista mesmo com aqueles que não valorizaram inicialmente o seu empenho e o valor do património em causa.

Devo lembrar que, poucos meses depois do 25 de Abril de 1974, o professor Vitorino Magalhães Godinho referia ao Diário de Notícias de 19 de Outubro que: «o Português gosta de história como forma de discurso, mas, no fundo, não é sensível aos testemunhos do passado. É dos povos que menos apreço revelam pelo espólio cultural da sua terra». Isto em 1974.

Digo eu que, em três décadas de Democracia e de abertura do país e dos espíritos dos Portugueses, muito se avançou, mas ainda sopram ventos que nos trazem notícias que parecem muito mais antigas.

Precisamente no mesmo Diário de Notícias, mas há muito mais tempo, na edição de 21 de Outubro de 1958, portanto há precisamente 50 anos, Leitão de Barros deixou esta frase lapidar e ainda muito actual: «E como este país é aos quadradinhos como o tabuleiro de xadrez, é preciso ir ganhando as partidas [mas] sem cheque-mate...». Por isso é que eu sublinho – hoje aqui em Rio Maior – que a história do património não é só o discurso do belo, do grandioso, mas também o discurso da inquietação, da dúvida, da perturbação (quando não da agitação e da revolta).

Nem que seja de forma decidida de ora em diante, estou certo que os riomaiorenses darão um exemplo digno ao país na defesa deste seu, e nosso, património.

Bem Hajam.
Rio Maior, 12 de Abril de 2008


Perspectiva do auditório da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Laureano Santos no decurso da Comunicação: “Os Papeis da Política e da Cidadania no Património Local”.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1033, de Sexta-feira 25 de Julho de 2008.