sábado, junho 16, 2007

Património Mineiro na Imprensa Local. Região de Rio Maior.





















Futuro do complexo de edifícios da Mina do Espadanal.
PCP vai questionar Ministério da Cultura.

Para se inteirar in loco da problemática quanto ao futuro do que resta do património edificado do complexo industrial da Mina do Espadanal, Miguel Tiago, deputado comunista à Assembleia da República esteve na passada segunda-feira, dia 11, na cidade de Rio Maior onde reuniu com membros da Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior e visitou a fábrica de briquetes acompanhado pelo presidente daquela comissão, arquitecto Nuno Rocha e por Verde da Costa, Augusto Figueiredo e Alice Esteves, dirigentes concelhios do PCP.

Esperava poder discutir o assunto com o presidente da edilidade, mas Silvino Sequeira estava para Lisboa, no debate sobre a localização do novo aeroporto, precisamente na Assembleia da República. Contudo "o Grupo Parlamentar anunciou à câmara municipal que voltará a procurar um espaço para poder discutir com a autarquia este problema", declarou o deputado na conferência de imprensa concedida no final da visita.

Miguel Tiago entende ter havido, agora, recusa da câmara em fazer essa discussão e em acompanhar a visita, vendo, ao contrário, na comissão, toda a abertura.
Para o deputado, o património edificado em causa "é parte da matriz de uma altura do desenvolvimento de Rio Maior no plano social, industrial e cultural e que ainda hoje molda e tem raízes naquilo que é a cultura das populações locais", pelo que, "por este valor patrimonial imaterial que tem e pelo facto de ser também qualificado, no plano material, como uma obra de valor arquitectónico reconhecido, não só pelas estruturas dos arquitectos portugueses mas também pelo próprio IPPAR justificaria, neste dois grandes planos, que houvesse uma intervenção no edifício".

Invocando o parecer do IPPAR que define este património como sendo de interesse municipal, Miguel Tiago conclui haver "um entrave da parte da autarquia que provavelmente se prende com a especulação imobiliária", da qual as próprias autarquias são vítimas, uma vez que "as políticas de direita dos governos vão no sentido de as castrar nas suas possibilidades de ordenamento do território, nomeadamente pela via do estrangulamento financeiro, pelas imposições na gestão patrimonial, etc., e que depois, quando encontram nas autarquias aliados a essa política, obviamente que resulta na degradação paulatina da infra-estrutura - e julgamos que é perante uma destas situações que estamos", considerou o deputado, assegurando que "o Grupo Parlamentar do PCP vai questionar o Ministério da Cultura sobre que medidas pensa tomar para salvaguardar este património", tanto mais que uma intervenção que permita reabilitar o complexo para fins museológicos, deverá ser demasiado dispendiosa para que seja assumida unicamente pelo município.


Carlos Manuel in Região de Rio Maior, nº975, de 15 de Junho de 2007.

quinta-feira, junho 14, 2007

Património Mineiro na Imprensa Regional. O Ribatejo

Mina ao abandono

PCP. Deputado Miguel Tiago vai questionar Governo sobre o futuro do abandonado complexo mineiro.

O complexo mineiro do Espadanal, em Rio Maior, foi em tempos uma fonte de riqueza do concelho, chegando a empregar mais de 1500 pessoas (1). A extracção de carvão acabou e hoje o edifício industrial está ao abandono, servindo de local de armazenamento de velharias da autarquia riomaiorense, que adquiriu o espaço há cerca de seis anos e até hoje não lhe deu outro destino.

O deputado Miguel Tiago, do PCP, visitou o complexo na passada semana e, no fim da visita, disse que pretende questionar o Ministério da Cultura sobre o futuro deste espaço. Refira-se que o imóvel está inventariado pela Ordem dos Arquitectos, no Inquérito à Arquitectura em Portugal no Século XX, e foi reconhecido pelo IPPAR como tendo interesse municipal.

Segundo o deputado, este espaço poderia ser aproveitado para a construção de um museu do mineiro ou funcionar como espaço museológico municipal. O deputado propõe ainda a utilização como centro tecnológico ou centro de ciência viva dedicado ao sector da extracção de minérios. "Este espaço é a matriz de uma época de desenvolvimento de Rio Maior e não pode ser destruído", afirmou, frisando que "só o interesse da especulação imobiliária justifica o abandono". O deputado diz ainda que a recuperação patrimonial do espaço "não invalida que o espaço envolvente seja aproveitado para área habitacional ou comercial". Refira-se que toda a área tem um total de 11 hectares (2).

Durante a tarde, Miguel Tiago reuniu com alguns membros da Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior, um grupo de cidadãos que defendem a reconversão do espaço em museu ou centro tecnológico.

"Preservar só a chaminé não ensina nada às novas gerações porque assim o complexo deixa de funcionar como um todo", frisou o deputado Miguel Tiago, crticando a "atitude de desprezo da autarquia" e afirmando que "a Câmara só quer ter um encaixe rápido de capital e não promover o desenvolvimento sustentável deste espaço".

Câmara está a estudar recuperação em conjunto com o IPPAR

Silvino Sequeira, presidente da Câmara de Rio Maior, diz que para o complexo mineiro está prevista uma intervenção "em colaboração com o IPPAR". O autarca disse à Lusa que esta recuperação prevê um gasto de "cerca de dois milhões de euros" e que não poderá ser custeada apenas pelo município.

In O Ribatejo online
Notícia completa in O Ribatejo nº1128, de 15 de Junho de 2007

Notas: (CPDP)
(1) O valor apresentado de 1500 pessoas é referente ao afluxo de mineiros e famílias registado na década de 40, tal como descrito na imprensa da época, e correspondendo de facto ao aumento populacional registado na vila de Rio Maior no decénio de 1940 a 1950.
(2) A soma da área das parcelas do antigo couto mineiro do Espadanal, adquiridas pela Câmara Municipal de Rio Maior em 1999, perfaz um total de 110.380m2. O prédio urbano no qual se implanta a Fábrica de Briquetes compreende uma área de 26.000m2.