quinta-feira, julho 10, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 8)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1029 de 27 de Junho de 2008 pág.8)




















QUADRO Nº5. PATRIMÓNIO EXPECTANTE.

Da actividade mineira ao património mineiro.
As Minas do Espadanal, reconhecidas como único jazigo com viabilidade industrial a sul do Mondego, constituindo deste modo uma reserva estratégica para a economia nacional, são decisivamente intervencionadas pelo Estado durante as décadas de 40 e 50, conhecendo nesta época o seu período áureo.

O sucessivo e avultado investimento de capitais públicos na empresa concessionária, bem como a criação de um favorável enquadramento legal, não serão, no entanto, suficientes para garantir a aceitação das lignites num mercado de combustíveis estabilizado no pós-guerra e já maioritariamente dominado pelos produtos petrolíferos.

A produção da Fábrica de Briquetes terá como principais consumidores as empresas cimenteiras nacionais que pela inexistência de vínculos contratuais não constituirão escoamento suficiente para o cumprimento das metas de produção necessárias à sustentabilidade da lavra.

O início da década de 60 é assim marcado por uma progressiva descapitalização da empresa, deixando a descoberto uma crescente crise social resultante de sucessivos atrasos no pagamento de salários.

As dificuldades da organização mineira têm eco na Assembleia Nacional em 1965, deslocando-se a Rio Maior, em Abril desse ano, o Secretário de Estado da Indústria. Em Conselho de Ministros para os Assuntos Económicos de Março de 1966 é finalmente tomada a opção pela instalação de uma Central Termoeléctrica como solução da endémica dificuldade de viabilização da actividade nas Minas do Espadanal, dando-se início a um processo de estudo que recomendará a exploração do jazigo a céu aberto, augurando uma vida útil entre 15 a 20 anos.

Em despacho da Secretaria de Estado da Indústria, de Junho de 1969, é determinada a paralisação da mina com vista à reformulação da lavra. As minas e a Fábrica de Briquetes são definitivamente encerradas no dia 5 de Julho de 1969 com o despedimento colectivo de cerca de 160 operários, sendo a concessão mineira, com todos os seus activos, transmitida à Companhia Portuguesa de Electricidade (CPE).

Durante os anos 70 e 80 continuam os estudos para implantação de uma Central Termoeléctrica, que resultam, no entanto, gorados, não voltando a mina a ser reactivada e procedendo-se em 1975 ao desmantelamento e venda como sucata dos equipamentos da exploração e da fábrica. (Pertence a este vasto espólio disperso o moinho de cilindros exposto na presente jornada, originário da secção de trituração da Fábrica de Briquetes).

Em 1988 é definitivamente anulada a concessão mineira e ainda durante esta década o complexo do Espadanal é adaptado a estaleiro municipal.

As principais parcelas do couto mineiro, num total de 110.380m2, serão adquiridas pela Câmara Municipal de Rio Maior em 1999, procedendo-se desde então à demolição generalizada de todas as evidências patrimoniais à excepção da Fábrica de Briquetes e do Plano inclinado de acesso às Galerias.

Procurando resgatar ao esquecimento e à destruição o derradeiro e monumental testemunho de uma época definidora da Identidade regional, vem sendo desenvolvido, desde 2005, o Processo de Estudo e Salvaguarda do Património Mineiro Riomaiorense, envolvendo as mais credenciadas instituições nacionais na área da salvaguarda patrimonial, com o objectivo de sensibilizar as entidades locais para a importância e potencialidades da sua recuperação.

Momento de síntese neste projecto de cooperação cívica, a I Jornada do Património Mineiro do Concelho de Rio Maior assume uma proposta de reabilitação do Complexo Mineiro do Espadanal enquanto lugar central de uma valorização da realidade urbana riomaiorense, pela potenciação da memória, da ciência e da cultura.


Moinho de Cilindros da secção de trituração da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

(continua)

COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1030, de 4 de Julho de 2008.

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