II. Mina (continuação)
1.2.1. Fábrica de briquetes.
a) A fábrica de briquetes é a evidência material de maior significado patrimonial que teimosamente subsistiu a esta negligência da memória, embora o seu estado de conservação não seja bom e a sua refuncionalização, ausência de manutenção e a remoção de todo o equipamento técnico ou funcional tenham deixado um espaço ferido na sua essência funcional e integrador de uma memória de trabalho singular. Hoje temos um conjunto que, apesar de não ter problemas estruturais, sofreu já algumas pequenas intrusões ou adaptações dependentes do seu reuso como oficinas ou armazéns camarários.
1.2.1. Fábrica de briquetes.
a) A fábrica de briquetes é a evidência material de maior significado patrimonial que teimosamente subsistiu a esta negligência da memória, embora o seu estado de conservação não seja bom e a sua refuncionalização, ausência de manutenção e a remoção de todo o equipamento técnico ou funcional tenham deixado um espaço ferido na sua essência funcional e integrador de uma memória de trabalho singular. Hoje temos um conjunto que, apesar de não ter problemas estruturais, sofreu já algumas pequenas intrusões ou adaptações dependentes do seu reuso como oficinas ou armazéns camarários.
b) A fábrica de briquetes não pode ser entendida como um edifício isolado que corresponderia à fase efectiva da obtenção dos briquetes. Localizada junto à entrada da galeria da mina do Espadanal, a sua implantação é indissociável da fase inicial da extracção do minério e do sequente processo de tratamento do mesmo. Integradora de um conjunto de pequenos edifícios articulados por um característico sistema de telas transportadoras assentes em estruturas de betão armado, a fábrica incorpora o sistema de ensilagem, a área da central, da obtenção do produto e o antigo cais da via férrea, hoje já desaparecido para dar lugar a um complexo multiusos. Temos, assim, a fase da extracção/ ensilagem (em dois momentos) / do fabrico/ da expedição.
c) Do conjunto destaca-se e impõe-se o edifício que integrava a central, as bombas, o secador e a prensa, ao qual se poderá chamar a fábrica, propriamente dita (v. planta 05). Intrinsecamente associado à rede de transportadores aéreos de minério, que lhe conferem parte da sua idiossincrasia plástica e funcional, o edifício sobrevive isoladamente como peça arquitectónica de cariz puramente funcional. Respondendo a pragmáticos desideratos produtivos e energéticos o projecto, provavelmente elaborado pelo gabinete de desenho da EICEL, não deixaria contudo de integrar as preocupações em instalar máquinas de enormes proporções provenientes da Alemanha, onde este tipo de fábricas se encontrava associada às minas, de modo a rentabilizá-las. Pode colocar-se a questão se a importação da Alemanha do modelo de fábrica, das máquinas, não implicaria também a aplicação de um desenho standard já existente e que respondesse economicamente ao fim produtivo.
d) Composta por dois volumes paralelepipédicos formando um L, a gramática arquitectónica da fábrica de briquetes reconhece-se na plasticidade permitida pela utilização dos novos materiais de construção, revelada nos volumes puros, na sua geometrização e numa fenestração que rasga verticalmente a horizontalidade dos dois corpos integradores da central termoeléctrica e da prensa, os dois vãos de maior dimensão.
e) A racionalidade presente nas singulares fases de fabrico é evidente nos dois volumes puros que na sua relação com a cidade ainda impõem um sinal de modernidade formal e civilizacional construído nos idos anos cinquenta do século XX, à luz das medidas de desenvolvimento e fomento económico existentes durante o Estado Novo.
III. Moagem.
a) A Moagem Maria Celeste tem a sua data de inauguração para o ano de 1932, representando um momento de afirmação da modernização da indústria moageira de Rio Maior, sentida desde meados do século XIX nas grandes cidades como Lisboa ou Porto.
a) A Moagem Maria Celeste tem a sua data de inauguração para o ano de 1932, representando um momento de afirmação da modernização da indústria moageira de Rio Maior, sentida desde meados do século XIX nas grandes cidades como Lisboa ou Porto.
b) Inserida num contexto de cariz rural, esta moagem localizada no centro da cidade, sobrevive numa autenticidade formal, tipológica e de relação com o espaço envolvente a uma alteração rápida inerente ao crescimento dos centros urbanos.
c) Indissociável do rio, que a viu nascer, a moagem Maria Celeste corresponde a uma tradição funcional mais antiga deste curso de água. Aí se implantaram inúmeros moinhos de água, provavelmente de rodízio. Esta moagem assenta também ou poderá integrar um antigo moinho, pertença da família, sobre o qual edificou um sistema moageiro ainda dependente da energia hidráulica, fenómeno incomum, numa época em que a electricidade, mesmo em locais mais distantes da capital, começava a despontar nas indústrias mais modernas. A presença de um antigo moinho, o saber de gerações assente na força da energia obtida através da água, foram certamente condicionantes na manutenção de uma mesma solução energética ainda que integrando inovações técnicas.
d) Funcionalmente a moagem incorpora a casa do proprietário, ainda hoje habitada pela descendente, o escritório, um local de vendas, de armazenamento, a área energética e a de fabrico de farinha, existindo ainda um volume arquitectónico singular correspondente a um depósito de água.
e) Formalmente a moagem Maria Celeste aproxima-se de alguma linguagem Déco, revelada pelo tratamento formal dos amplos janelões. Contudo, esta assumpção formal desvincula-se do seu sistema construtivo interno caracterizado por soluções mistas – incorpora materiais de construção de ponta para o século XIX – colunas e vigas de ferro, sendo a pavimentação em madeira.
f) Quanto ao equipamento tecnológico, subsiste na área referente à obtenção de energia, tendo as restantes máquinas operadoras sido destruídas após pouco tempo da sua inauguração, provável consequência do condicionamento industrial. São ainda visíveis os veios de transmissão correspondentes à forma mecânica da propagação da energia.
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