sexta-feira, janeiro 19, 2007

Petição pela Classificação do Património Mineiro Riomaiorense


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Contacte a Comissão através do e-mail: rio_maior@hotmail.com

Conjunto Edificado da Mina de Lignite do Espadanal.

Fotografia: Fernando Sequeira Aguiar, 1955-58


CRIADA COMISSÃO PARA DEFESA DO PATRIMÓNIO

A Edificação da Cidade, síntese continuamente refeita na variabilidade dos tempos, é revelação última do valor de uma comunidade. Evidência material da evolução dos homens e das ideias, expõe ao olhar informado o espírito das gerações que souberam erguê-la. Sedimentação de um longo e anónimo esforço colectivo, materializado na inteligente interpretação e trabalho das condicionantes do lugar e das épocas, a cidade tradicional sofreu, no entanto, uma aceleração nos seus processos, cedendo, numa inevitável ruptura, o lugar a uma cidade outra - território progressivamente uniformizado, a-referencial.
Sobre a capitulação operativa das instituições em face da crescente complexidade das mais variadas sinergias com impacto local, é inadiável a activação de uma interveniente consciência cívica – aprofundamento necessário da vivência democrática – afirmação da Cooperação e da Interacção Construtiva, envolvendo cidadãos e entidades na prossecução de um objectivo comum de Desenvolvimento Local.
A Cidadania Efectiva – plano de uma decisiva responsabilização individual em face do projecto de elevação de uma Comunidade – coloca-nos perante a exigência de uma acção propositiva na resposta ao desafio presente de re-invenção de um Rio Maior futuro.

UM MOVIMENTO DE COOPERAÇÃO CÍVICA, POR RIO MAIOR

A afirmação de uma comunidade na vasta rede de interdependências em que se insere, traduz-se pela capacidade de capitalizar as suas especificidades numa oferta qualificada.
Objectivo continuamente perseguido, a Qualidade de Vida fundada no desenvolvimento humano, resultado de um modo singular de interacção com o território e com os outros, numa produção de Significado universal, de Conhecimento – em suma: de Cultura – tem no concelho de Rio Maior factores endógenos de potenciação, longamente adiados, mas evidentes na leitura esclarecida de uma longa continuidade histórica.
Perante a escolha entre a nivelação alienante de uma actual proposta extensível de cidade-subúrbio e a afirmação qualificante dos valores inquestionáveis do Território da Identidade impõe-se à sociedade civil uma inadiável mobilização pela persistência de uma dimensão humana do espaço enquanto lugar da Memória e do Conhecimento.
Reconhecida a limitação técnica e financeira das entidades, evidencia-se a intransmissível responsabilidade colectiva pela realização de um trabalho decisivo de Estudo e Valorização da Realidade Local como resposta ao afluxo impositivo e descaracterizante, das propostas correntes de uma indistinta cidade genérica.
A unidade operativa de uma estratégia de qualificação será assim, necessariamente, a associação de cidadãos, personificando, em estreita cooperação com as instituições autárquicas, propostas objectivas, integradas num vasto projecto de futuro, assente na compreensão e capitalização das especificidades locais.

PATRIMÓNIO MINEIRO. EIXO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL.

Partindo de um entendimento do Património Geológico e Mineiro enquanto potencialidade estruturante para o futuro Desenvolvimento Local, vem sendo promovido um extenso processo de estudo, em permanente diálogo com a Câmara Municipal de Rio Maior.
De uma síntese do conhecimento produzido resultou a emissão de parecer pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) defendendo a classificação da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal enquanto Património de Interesse Municipal, sendo simultaneamente realizada a inventariação na base de dados da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Em paralelo surgiu a inventariação pela Ordem dos Arquitectos no Inquérito à Arquitectura em Portugal no Século XX.
Com base num quadro de reconhecimento inequívoco do valor cultural do Património Mineiro Riomaiorense foi, em Setembro de 2006, apresentado ao Município de Rio Maior um pedido de classificação em conformidade com o parecer do IPPAR.

O processo em curso constitui-se como proposta rigorosa de cooperação em face da urgente necessidade de um acompanhamento técnico devidamente qualificado para a avaliação do património local, evidenciada nas recentes intervenções públicas do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior.
Neste quadro, adquire acentuada pertinência a acção da recém criada Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior, que através de uma estreita interacção com as mais credenciadas instituições nacionais e internacionais, se propõe colaborar com o executivo municipal na definição e implementação das mais correctas metodologias de salvaguarda patrimonial.
Neste sentido foi estabelecido um calendário de acções de sensibilização da comunidade científica e das entidades locais que prevê, entre outras, a deslocação a Rio Maior de credenciados especialistas na área dos estudos de património, a publicação, em edições da especialidade, de estudos sobre a historiografia mineira de Rio Maior e a inscrição do Complexo Mineiro do Espadanal no VII Congresso Internacional de História Mineira, a realizar em Outubro de 2007 na Bélgica.

ACÇÃO 01 (desenvolvida no passado dia 13.01.07): Visita a Rio Maior dos Representantes em Portugal do Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial e da Sociedade Espanhola de Defesa do Património Geológico e Mineiro.

Proposta inicial de uma colaboração efectiva com os órgãos autárquicos locais, a oportunidade de deslocação a Rio Maior de duas entidades internacionais dedicadas ao estudo do património industrial e mineiro foi positivamente acolhida pelo executivo municipal que embora indisponível para o acompanhamento imediato, manifestou total abertura para a participação em próximas acções de esclarecimento técnico sobre o inquestionável valor do Complexo Edificado da Mina de Lignite do Espadanal.
Na impossibilidade de uma visita aos espaços internos, foi a Fábrica de Briquetes analisada na sua perspectiva exterior e enquadramento urbano, numa detalhada avaliação complementada com a apresentação do extenso levantamento documental existente.
O parecer dos técnicos em presença, vivamente impressionados pela qualidade arquitectónica, singularidade técnica, integridade estrutural, razoável estado de conservação e extraordinária potencialidade de adaptação a novas funções, será brevemente apresentado à Câmara Municipal de Rio Maior.

ACÇÃO 02: Promoção da participação cívica da comunidade riomaiorense na preservação do património histórico local – Petição pela Classificação do Conjunto Edificado da Fábrica de Briquetes, Plano Inclinado de Acesso às Galerias e Receita Exterior da Mina de Lignite do Espadanal enquanto Património de Interesse Municipal.

A sensibilização dos órgãos de decisão política locais é tarefa colectiva de uma comunidade, sob a responsabilidade indelegável da valorização da sua própria História e Identidade em face de propostas publicamente veiculadas – carentes de fundamento técnico – para alienação e demolição irreversível do mais importante património da contemporaneidade local, reconhecido ao mais alto nível.
A participação de todos os riomaiorenses numa acção positiva de esclarecimento dos representantes eleitos sobre a necessidade de defesa de uma incontestável herança potenciadora do futuro desenvolvimento cultural e económico local, assume a urgência de uma definitiva tomada de posição por um modelo de desenvolvimento sustentável.
A Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior apresenta a Petição pela Classificação do Património Mineiro, enquanto oportunidade de estabelecimento de uma via de comunicação efectiva entre a comunidade e seus representantes, promovendo a decisiva intervenção dos riomaiorenses na definição de um Projecto de Futuro assente na promoção dos mais importantes Valores locais.

Pela Comissão: Nuno Alexandre Rocha, João Afonso Calado da Maia, Manuel Sequeira Nobre, José da Silva Pulquério, António Feliciano Jr., João Pulquério de Castro, Eva Neves.


In Região de Rio Maior nº954, de 19 de Janeiro de 2007

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Constituída Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior

Sob a afirmação de um princípio cultural da humanização do território surge em evidência a responsabilidade colectiva perante a contínua reedificação do espaço de vida de uma comunidade.
À cidade contemporânea, subitamente estendida para lá dos seus ancestrais limites, coloca-se, urgente, a opção fundamental entre a progressão alienante de um contínuo e anónimo aglomerado construído ou a sábia leitura das preexistências na re-criação do lugar de uma vivência humana no seu pleno significado.


Opção colectiva por natureza – não delegável – exige de todos os riomaiorenses o contributo possível, numa necessária cooperação com as instituições locais.
Neste contexto, e afirmando a preservação do património enquanto decisiva potenciação de um desenvolvimento sustentável e significante da actual realidade concelhia, toma forma a Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior, impulsionada por um grupo de cidadãos independentes, com os seguintes objectivos:


1. Promoção de um compromisso geracional para a legação ao futuro das evidências materiais de uma secular evolução histórica da comunidade riomaiorense.


2. Desenvolvimento do estudo do património concelhio, em cooperação com os organismos autárquicos locais e com as mais credenciadas instituições nacionais e internacionais, tendo em vista a sua preservação com fundamento nos mais rigorosos critérios de salvaguarda patrimonial.


3. Promoção de acções de sensibilização da comunidade e das entidades com intervenção na gestão territorial, através da regular divulgação pública de um corpo científico e artístico de estudos em torno dos valores locais.


A colaboração de todos os riomaiorenses afirmar-se-á enquanto tomada de consciência cívica, num necessário aprofundamento da vivência democrática.

In Região de Rio Maior nº953, de 12 de Janeiro de 2007