domingo, julho 06, 2008

I Jornada do Património Mineiro. Comunicações (parte 4)

(continuação do artigo publicado no jornal Região de Rio Maior nº1025, de 30 de Maio de 2008, pág.8)

O dia 25 de Novembro de 1951 estabelece-se enquanto data simbólica do processo de viabilização económica da lavra mineira riomaiorense no pós-guerra, com a deslocação a Rio Maior do Ministro da Economia, Dr. Ulisses Cortês, para visita às instalações da Mina do Espadanal e apresentação do projecto da Fábrica de Briquetes a edificar junto ao Plano Inclinado.














Primeiro plano: Francisco Afonso Vieira, Dr. Ulisses Cortês (Ministro da Economia) e Eng.º Falcão Mena (Director Técnico da EICEL). Fotografia de António Feliciano Jr. 25.11.1951

O sistema produtivo, apresentado pelo engenheiro Luís Falcão Mena, organiza-se em três planos fundamentais: extracção, processamento e transporte do minério. Propõe-se a edificação de uma nova receita exterior e secção de trituração, (na qual se integrará o Moinho de Cilindros exposto na presente Jornada), articulada através de telas transportadoras com as novas secções de ensilagem e pulverização. Desta última distribui-se o minério para dois circuitos integrados de produção de electricidade e secagem.

A central termoeléctrica, composta por duas caldeiras, turbinas a vapor e alternadores (400kw/h) produz a energia necessária ao funcionamento de todo o complexo mineiro e o vapor necessário aos equipamentos de secagem da lignite. A água utilizada no processo de geração de vapor é extraída das galerias através da secção de bombagem e tratamento de águas integrada no conjunto edificado. Na secção de secagem e arrefecimento destaca-se, como peça fundamental, um secador rotativo de 90 toneladas, do qual a lignite, seca e escolhida por um crivo, é exportada para silo seco e para a secção de briquetagem, onde uma prensa com roda de balanço de 12 toneladas produz os briquetes por auto-aglomeração (o projecto prevê a instalação posterior de uma segunda prensa, que não se concretizará). A lignite seca e os briquetes são depois expedidos para a secção de armazenagem e transporte no cais da via-férrea.

A obra obterá o ambicionado aval do Governo, através de despacho do Ministério da Economia, em 1952, autorizando o financiamento em 30000 contos pelo Fundo de Fomento Nacional. No mesmo ano é arrematada a empreitada à firma Sociedade Sanfer Lda., de Lisboa, e têm início os trabalhos de construção, que serão acompanhados com grande interesse pela imprensa local e nacional.

Implantado à boca da mina, em elevação sobranceira ao cais da via-férrea, o conjunto edificado afirma-se enquanto importante peça de arquitectura moderna no contexto regional. Concebido como resposta eminentemente funcional aos princípios técnicos ditados pela cadeia de produção e pela dimensão dos elementos mecânicos, explora a monumentalidade num jogo volumétrico depurado, num cuidado tratamento de alçados e através do uso expressivo do betão enquanto material estrutural.

Símbolo de uma desejada modernidade industrial, a Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal materializa-se numa incontornável presença urbana, com particular significado no alinhamento axial da imponente chaminé da central termoeléctrica com a principal artéria de Rio Maior à época da construção – a Avenida Salazar (actual Rua Dr. Francisco Barbosa).

Em Junho de 1955 tem início a laboração, num investimento que constituirá uma aposta singular de inovação tecnológica no panorama da extracção de carvões em território português.




















Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal. 1955















Roda de Balanço da Prensa de Briquetagem “Clarinha”.
Fotografia de Félix Bragança. Diário Ilustrado 12.07.1958


(continua)


COMISSÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO CONCELHO DE RIO MAIOR in Região de Rio Maior nº1026, de 6 de Junho de 2008

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