quarta-feira, novembro 08, 2017

Obras para o futuro museu mineiro. EICEL1920 realizou a VIII Acção Voluntária de Conservação do Património.

Figura 1 - Antiga Secção de Trituração da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

A EICEL1920, Associação para a Defesa do Património, realizou, entre os meses de Abril e Outubro de 2017, um conjunto de obras para a reabilitação da antiga secção de trituração da fábrica de briquetes da Mina do Espadanal, onde, na sequência de contrato de comodato celebrado com a Câmara Municipal de Rio Maior, será instalado o futuro museu mineiro.

Figura 2 - Antes e Depois.
Os trabalhos executados foram programados em três fases, no âmbito da VIII Acção Voluntária de Conservação do Património Mineiro, e tiveram início em Abril, com a desmatação geral de toda a área envolvente ao edifício a recuperar. Seguiu-se, em Maio, a demolição de duas estruturas construídas na década de noventa, aquando da utilização do espaço como estaleiro municipal, e a limpeza do piso térreo do edifício. Por último, nos meses de Setembro e Outubro, procedeu-se à remoção de várias toneladas de terra depositadas no local, entre 2011 e 2013, pelos serviços municipais.

A EICEL1920 contou, para a execução deste significativo volume de trabalho, com a importante colaboração da Junta de Freguesia de Rio Maior, que disponibilizou para o efeito uma máquina rectro-escavadora e os serviços do respectivo operador, bem como de outros funcionários no corte de vegetação e limpeza. A EICEL1920 contou ainda com a colaboração voluntária de vários associados, com destaque para o trabalho incansável de João Verde da Costa e Marcelino Machado.

Figura 3 - Antes e Depois.
Seguindo a prática das intervenções anteriores, os trabalhos de demolição de estruturas que não pertencem ao conjunto edificado original foram acompanhados pelo Presidente da Direcção, arquitecto Nuno Rocha, procedendo-se a um registo pormenorizado, para memória futura, com recurso a peças desenhadas e a um levantamento fotográfico. Os resíduos resultantes da demolição foram sujeitos a uma prévia separação para posterior encaminhamento para local adequado pela Câmara Municipal de Rio Maior. 

Como testemunham as imagens, é já significativa a transformação do espaço. A EICEL1920 dará seguimento, ao longo do ano de 2018, a um programa de intervenções faseadas tendentes à recuperação e musealização do edifício.



A Direcção da EICEL1920,
6 de Novembro de 2017.
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domingo, fevereiro 12, 2017

Voto de Pesar pelo falecimento do Professor António Machado Feliciano Júnior.

António Machado Feliciano Júnior (1924-2017). Fotografia gentilemente cedida pelo jornal Região de Rio Maior.


A Direcção da EICEL1920, aprovou um Voto de Pesar pelo falecimento do Professor António Machado Feliciano Júnior, Associado Honorário desta colectividade, e apresenta à família enlutada as mais sinceras condolências. Transcreve-se abaixo o conteúdo do documento, proposto pelo Presidente da Direcção e aprovado por unanimidade:


António Machado Feliciano Júnior (1924-2017)
Em memória de um cidadão exemplar


No dia 23 de Fevereiro de 1924, a dois anos do final da primeira República Portuguesa, nascia, numa pequena e rural vila de Rio Maior, António Machado Feliciano Júnior, baptizado com o mesmo nome de seu pai e de seu avô, alfaiates de profissão.

Em nove décadas de vida intensamente vivida, este homem de invulgares qualidades humanas e cívicas acompanhou o período histórico de maior evolução social do nosso concelho, do qual foi protagonista, ajudando a transformar o meio cultural riomaiorense no exercício das mais diversas actividades.

Iniciou a sua vida profissional seguindo, enquanto jovem, a arte de seu pai, com alfaiataria aberta ao público na Rua David Manuel da Fonseca. Foi também projectista de construção civil, com edifícios construídos na vila, mas foi, sobretudo, Professor de várias gerações de riomaiorenses na antiga Escola Comercial de Rio Maior, no antigo Colégio Luís de Camões, ou na Escola Secundária Augusto César da Silva Ferreira, onde foi criado um museu de mecanografia com o seu nome.

Jornalista de mérito, com carteira profissional, teve um papel de destaque no desenvolvimento da imprensa regional, desde a década de quarenta, colaborando em títulos como O Riomaiorense (1949-1964) e Jornal do Oeste (1964-1974), dirigidos por Armando Pulquério, e ajudando a fundar, em 1988, o jornal Região de Rio Maior, título de mais prolongada e ininterrupta tiragem local, do qual foi Director desde o número 47, de 25 de Agosto de 1989, até aos seus últimos dias. Manteve, com assinalável regularidade, nas páginas deste semanário, uma coluna dedicada à Cultura e ao Coleccionismo, e foi também aqui que o seu olhar atento sobre a realidade riomaiorense encontrou um eco na secção “Bilhete-postal”, publicada entre 1988 e 2015 - um bilhete-postal sempre dedicado aos pequenos e grandes problemas da sua, nossa, “cidade amiga”: Rio Maior.

Homem de variados talentos dedicou o melhor de si, de forma genuína e desinteressada, ao desenvolvimento cultural da comunidade, cultivando como autodidacta diferentes formas de expressão artística, com destaque para o teatro, o cinema, a música e a fotografia.

Foi um dos fundadores do Grupo Cénico Zé P´reira (1941), apurando o gosto pela actuação teatral em peças apresentadas com grande sucesso no antigo Teatro Riomaiorense, das quais se salientou a opereta “E o Sonho foi Realidade...” (1945), composta pelo Maestro Alves Coelho (filho) com a colaboração de Joaquim Dâmaso Dias e Alexandre Laureano Santos.

Acompanhou Fernando Duarte na fundação do Cineclube de Rio Maior (1952), que viria a ter actividade de destaque a nível nacional, participando como actor e assistente de realização nos filmes “As Pupilas do Sr. Prior” e “Sal sem Mar”, e realizando, no mesmo período, diversos jornais de actualidades, entre os quais “A Festa de Santa Bárbara nas Minas da E.I.C.E.”.

Foi um dos fundadores, com João Afonso Calado da Maia e Ernesto Alves, entre outros, do Círculo Cultural de Rio Maior (1956), cultivando o gosto pela música enquanto membro do respectivo Grupo Coral e Orquestra Folclórica. Dirigido pelo Maestro António Gavino e composto por um efectivo de cem elementos, o grupo coral, popularmente conhecido como Chia-a-nora, representaria Rio Maior em palcos de todo o país, até se extinguir em 1960. António Feliciano integrou mais tarde o Coral e Orquestra Típica de Rio Maior, fundado em 1978, cujo repertório seria gravado em disco e que se manteve em actividade até ao ano de 2011.

Fotógrafo amador de mérito artístico, expôs e foi premiado em Salões nacionais e internacionais de fotografia. Participou na organização e foi membro do júri de Salões realizados em Rio Maior, Cartaxo, Óbidos, Azambuja e Vila da Marmeleira. Transmitiu aos seus alunos o gosto pela fotografia e registou, num espólio valioso, diferentes aspectos da evolução urbana da cidade de Rio Maior desde a década de sessenta.

Foi um dos grandes dinamizadores nacionais do Coleccionismo, criando o Encontro Nacional de Coleccionadores de Rio Maior, que organizou até à 29.a edição, em 2016, e que hoje ostenta o seu nome. O gosto pelo coleccionismo foi também partilhado com os riomaiorenses em inúmeras exposições temáticas de postais ilustrados realizadas na Biblioteca Municipal.

Homem de fé, dedicado à resolução dos problemas sociais da comunidade, foi um dos fundadores da Conferência de S. Vicente de Paulo de Rio Maior (1952), que teria uma acção de relevo no alojamento de famílias carenciadas com a construção do Bairro do Padre Américo. Foi membro da Comissão para a Construção da Igreja Nova, Mesário da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior e Sócio de Mérito da Associação dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior.

Sem o apoio do Professor António Machado Feliciano Júnior, o património mineiro de Rio Maior como hoje o conhecemos possivelmente já não existiria. Colaborou com o processo de estudo e salvaguarda desde o ano de 2005, disponibilizando, com a sua habitual generosidade, um importante espólio de fotografia e filme. Foi com o seu apoio activo e empenhado que, em Novembro de 2006, se tornou possível a criação da Comissão para a Defesa do Património Cultural do Concelho de Rio Maior, que veio a sensibilizar a Câmara Municipal de Rio Maior para a importância de preservar a antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal.

Posteriormente, em 2010, o Professor seria um dos sócios fundadores da EICEL1920, Associação para a Defesa do Património, que o homenageou, em sessão pública realizada a 25 de Setembro de 2015, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, com a atribuição do título de Associado Honorário.

Nestes breves traços não cabe a dimensão do contributo cívico e humano de António Feliciano, que marcou várias gerações de riomaiorenses, mas apenas um testemunho de homenagem e agradecimento.

O exemplo humanista de António Machado Feliciano Júnior perdurará na memória de todos os que tiveram a felicidade de ser seus contemporâneos, de com ele aprender e partilhar uma dedicação comum por Rio Maior. À comunidade cabe o desafio de honrar o trabalho do Professor, continuando o seu esforço altruísta de muitas décadas na valorização cultural do nosso concelho.


A Direcção da EICEL1920,
12 de Fevereiro de 2017


domingo, janeiro 15, 2017

EICEL1920 realizou a VII Acção Voluntária de Conservação do Património Mineiro.


Figura 1 - Demolição de estruturas inacabadas na envolvente do complexo mineiro do Espadanal com a colaboração da Junta de Freguesia de Rio Maior. Registo fotográfico por Nuno Rocha, 16 de Dezembro de 2016.


A EICEL1920, Associação para a Defesa do Património, realizou, entre os dias 16 e 19 de Dezembro de 2016, a VII Acção Voluntária de Conservação do Património Mineiro, com o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Rio Maior e a colaboração de associados voluntários.
 

Os trabalhos executados consistiram na demolição de estruturas inacabadas do antigo estaleiro municipal existentes na envolvente do complexo mineiro, junto ao Centro Escolar número 2. A Junta de Freguesia de Rio Maior disponibilizou para o efeito uma máquina rectro-escavadora e os serviços do respectivo operador.
Antes e Depois.
 
Realizou-se um registo pormenorizado da estrutura a demolir, para memória futura, com recurso a peças desenhadas e a um levantamento fotográfico. Foi feita a separação dos resíduos da demolição, cujo encaminhamento para local adequado será assegurado pela Câmara Municipal de Rio Maior.

A concretização destes trabalhos veio beneficiar a envolvente do Centro Escolar número 2 e a visibilidade do antigo complexo mineiro desde o arruamento que lhe dá acesso.

Com esta edição, concluiu-se um ciclo de sete acções voluntárias de conservação, realizadas entre 2013 e 2016 tendo como objectivo a limpeza e desmatação geral de todo o complexo, bem como a demolição de estruturas edificadas após o encerramento da mina que descaracterizavam o conjunto arquitectónico original.

As próximas iniciativas terão lugar sob o enquadramento de um protocolo de colaboração e de um contrato de comodato a celebrar entre o Município de Rio Maior e a EICEL1920.




A Direcção da EICEL1920,
15 de Janeiro de 2017.