sexta-feira, dezembro 17, 2010

CRIADA A EICEL




CONSTITUÍDA A EICEL, ASSOCIAÇÃO PARA A DEFESA DO PATRIMÓNIO MINEIRO, INDUSTRIAL E ARQUITECTÓNICO.

Tendo como objectivo o prosseguimento do processo de estudo e salvaguarda do património mineiro do concelho de Rio Maior, e perante a existência de divergências internas insanáveis no seio do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), confirmou-se a necessidade de criação de uma nova plataforma de trabalho com capacidade operativa e científica no âmbito da cooperação desenvolvida entre os vários parceiros do projecto.

Surgiu neste contexto, no passado dia 29 de Novembro, a EICEL, Associação para a Defesa do Património Mineiro, Industrial e Arquitectónico, recuperando, como homenagem, a sigla histórica da antiga empresa concessionária do Couto Mineiro do Espadanal, fundada em 1920.

A nova estrutura associativa promoverá o desenvolvimento do trabalho em curso reunindo diversos membros da comunidade associados ao longo dos últimos cinco anos e todos os seus parceiros científicos, integrando uma Comissão de Antigos funcionários da EICEL, e prevendo ainda a criação de duas novas comissões especializadas: uma Comissão Consultiva integrando individualidades que contribuíram para o reconhecimento do valor do património mineiro riomaiorense e uma Comissão Científica integrando especialistas nacionais das diferentes áreas científicas associadas aos Estudos sobre o património mineiro, industrial e arquitectónico.

In Região de Rio Maior nº1157, de 10 de Dezembro de 2010

terça-feira, dezembro 07, 2010

MINA DESMINADA !?

A notícia, no “Região de Rio Maior” (05 de Novembro), “Recuperação da fábrica de briquetes da Mina do Espadanal assegurada sem custos para o município. CER aguarda autorização da Câmara Municipal” , recoloca ao executivo camarário (e à oposição), à assembleia municipal e à junta de freguesia de Rio Maior, não um problema, mas sim uma feliz herança que requer solução urgente, bastante atenta e decisiva: que futuro para todo o espaço edificado e envolvente da Mina do Espadanal.

Sendo possível, proximamente, a execução da primeira fase dum plano de recuperação parcial sem encargos para a autarquia, fica desse modo sinalizado mais um momento histórico (e irreversível) do marcante, extraordinário e modelar complexo mineiro.

É de facto uma feliz herança para a autarquia e para os riomaiorenses, possuir esse património não só local, mas também da História do país. Escuso-me, porque desnecessário, relevar aqui a importância da extracção de minério, durante décadas, quase imediatamente post II Grande Guerra, e a sua contribuição para solucionar um problema nacional, o desenvolvimento e introdução de novos relacionamentos que provocou na então vila, o acolhimento, integração de muitas centenas de famílias e consequente “repovoamento” com mais nativos e diferentes culturas, a projecção e o conhecimento do concelho, a reactivação do comércio local, e tudo o que moveu, indiciou, proporcionou. Muito raramente vejo, ao longe, “A Mina”. Mas sempre que tal acontece, tenho a sensação (quem a não terá?) duma re-identidade e simultaneamente dum apelo vindo do imponente edifício e da icónica chaminé: “aproveitem-me !” Tem de ser aproveitado !, todo aquele complexo e áreas envolventes !

Não tendo o município monumentos históricos identitários a nível nacional (as Marinhas de Sal são uma raridade), seria incompreensível, inadmissível e indesculpável se a Câmara não recuperasse tão peculiar território (incluindo o subterrâneo) e não projectasse o concelho a partir dum novo, necessário e urgente zénite, no caso (também, finalmente ?) cultural, museológico e turístico. Sabendo o que instalar, como promover acervos e para quem direccionar actividades, acredito que a autarquia o fará, em tempo certo, apesar da crise e da enorme, cerceadora dívida por resolver: Existem vontades inabaláveis; há um projecto detalhado, decisivo (concretizado pelo impagável arquitecto Nuno Alexandre Rocha) e um movimento associativo que, não só alertou para a situação, mas também promoveu acções de sensibilização e de recolha de utensílios e de documentos. Os apoios surgirão se correctamente solicitados às entidades nacionais e europeias competentes. Em suma, porque reutilizáveis para fins culturais, patrimoniais, educacionais e lúdicos, aqueles edifícios e terrenos não devem, não podem, ser demolidos nem vendidos a interesses particulares, como quase aconteceu em 2007.

Compete à Câmara congregar, aproveitar competências dos cidadãos, de instituições, e co-organizar correctamente as coordenadas iniciáticas dum projecto singular e exemplar. Publicamente, que se saiba, poucos riomaiorenses com responsabilidades políticas, sociais e culturais conseguiram (ou quiseram), nos últimos anos, pensar, activar turística e culturalmente “A Mina”. Não há (infelizmente durante décadas ninguém teve discernimento para tal) uma substancial recolha de instrumentos de trabalho, de máquinas, de quantidade interessante de briquetes, etc, etc.

Museologicamente, naqueles espaços enormes serão exibíveis as “peças” possíveis (não são poucas), mas, com imaginação e criatividade lúcidas e direccionadas especificamente ao concelho, também à região e sobretudo ao país, pode, a entidade orientadora e programadora, criar áreas de lazer, um pólo museológico, um centro de estudos e simultaneamente um complexo cultural polivalente dedicado à contemporaneidade.

Simples (de nada valerá, sei-o) opinião minha: não hesitaria em recuperar os edifícios, instalar a História da Mina e da Geologia concelhia e, colocar(!) de vez(!!) a cidade e o concelho (geoestrategicamente excelente) na rota das cada vez mais apetecidas “ofertas” da cultura contemporânea – artes cénicas, sonoras e visuais, exposições, etc. Garantidamente, tudo isso será (muito) viável, com custos mínimos ou suportáveis, se bem programado e protocolado com instituições e autores. Atrairá públicos, quiçá novos residentes (sentindo-se bem com “oferta” cultural...), revitalizará o comércio e a economia – não faltam exemplos, em Portugal, de pequenas e médias localidades exponenciadas e vivificadas pela cultura !, que pode e deve gerar lucro ! Naquela modelar arquitectura industrial post II G.Guerra, podem instalar o que quiserem!

O actual executivo camarário ficará ligado à História da cidade e do concelho, ao provocar uma necessária e motivante descolagem com o quotidiano, aproveitando as infra-estruturas, os espaços, para pensar, estruturar e activar o futuro ! Se objectivar a longo prazo face às necessidades dos estratos sociais, dos graus etários, dos conhecimentos culturais dos cidadãos. Se quiser concluir que vive num irreversível “mundo global” que necessariamente respeita, preserva, estuda, mostra, promove mas não pára no Passado, num período contemporâneo célere, hiper-criativo, ávido por dinâmicas para o Séc.XXI e já liberto de constrangimentos políticos, administrativos ou sociais.

Manoel Barbosa

Lisboa 2010 Novembro

N : Recuso-me escrever pelo vigente acordo ortográfico luso-brasileiro.

In Região de Rio Maior nº1156, de 3 de Dezembro de 2010

sábado, novembro 06, 2010

RECUPERAÇÃO DA FÁBRICA DE BRIQUETES DA MINA DO ESPADANAL ASSEGURADA, SEM CUSTOS PARA O MUNICÍPIO. CER AGUARDA AUTORIZAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL


























Figura 1 – Reprodução da peça desenhada n.º 10 do Levantamento Arquitectónico da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, realizado pelo vice-presidente do CER, Arq. Nuno Rocha.

O Processo de Estudo e Salvaguarda do Património Mineiro Riomaiorense, criado e coordenado pelo vice-presidente do Centro de Estudos Riomaiorenses, arquitecto Nuno Alexandre Rocha, desde o ano de 2005, e que permitiu assegurar a persistência da fábrica de briquetes da mina do Espadanal enquanto Património Histórico e Arquitectónico de referência para a comunidade local, teve no passado mês de Junho um corolário dos esforços até aqui desenvolvidos, com uma proposta de parceria apresentada à Câmara Municipal de Rio Maior.
Na sequência dos trabalhos desenvolvidos, nomeadamente o estudo detalhado da história do período mineiro riomaiorense, o inventário do património subsistente, o levantamento arquitectónico do conjunto edificado da fábrica de briquetes da mina do Espadanal, a análise do seu estado de conservação e o estudo de reutilização dos seus espaços, é possível o lançamento, no imediato, da execução de um plano de recuperação faseada daquele antigo complexo mineiro.
Com este objectivo, em reuniões nas quais marcaram presença, pela Câmara Municipal, Isaura Morais, Nuno Malta e Sara Fragoso, pelo CER, Nuno Rocha, Manuel Sequeira Nobre, José da Silva Pulquério, Maria da Ascenção Duarte, António Feliciano Jr., João de Castro e Rui Andrade e, pelo Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (IHA-FLUL), o Prof. Dr. Fernando Grilo, foi apresentada proposta de celebração de protocolo entre a Câmara Municipal, o CER e o IHA-FLUL, para a concepção e implementação, sem encargos para a autarquia, de projecto de restauro e musealização da fábrica de briquetes.
O projecto apresentado conta com a colaboração do Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial (TICCIH), através do seu representante em Portugal, Prof. Dr. José Manuel Cordeiro; da Sociedade Espanhola para a Defesa do Património Geológico e Mineiro (SEDPGYM), através do seu representante em Portugal, Dr. José Manuel Brandão; e da Secção de Minas da Associação Portuguesa para o Património Industrial (APPI-GEOMIN).

UM PARQUE GEOLÓGICO E MINEIRO RECUPERANDO OS ANTIGOS PÓLOS DE ACTIVIDADE DO COUTO MINEIRO DO ESPADANAL

O CER apresenta como principal objectivo a qualificação da vivência urbana da cidade de Rio Maior através da implementação de uma estratégia de valorização territorial capitalizando a existência de uma relevante diversidade de eventos geológicos na região bem como a persistência de um importante conjunto de evidências materiais e imateriais da extracção mineira de carvões e diatomites no concelho.
Abrindo perspectivas à exploração de vertentes complementares de turismo geomineiro, turismo cultural e turismo de habitação, é proposta a criação de um Parque Geológico e Mineiro recuperando as estruturas do antigo Couto Mineiro do Espadanal.
Num projecto a implementar de forma faseada, mediante a evolução das disponibilidades de financiamento, propõe-se a criação de áreas verdes lúdicas e didácticas nos três antigos pólos técnicos da actividade da mina do Espadanal, interligadas por percursos pedonais, criando-se um modelo de preservação, recuperação e interpretação das estruturas existentes.

É proposta a instalação de um Centro de Interpretação do Património Geológico e Mineiro, dotado de centro de documentação, bem como de um auditório e sala de exposições temporárias, na antiga fábrica de briquetes, a instalação de um Centro de Ciência Viva dedicado à indústria mineira dos carvões, na antiga receita exterior e plano inclinado de extracção da mina, e de uma unidade de turismo de habitação em antigas residências de mineiros.

UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO E MINEIRO DO CONCELHO DE RIO MAIOR, A INSTALAR NA ANTIGA FÁBRICA DE BRIQUETES

O CER propõe-se impulsionar, no imediato, uma primeira fase, com a instalação de um Centro de Interpretação do Património Geológico e Mineiro do concelho de Rio Maior na antiga fábrica de briquetes, para o qual define uma missão assente em três planos: um plano regional, com particular incidência sobre a comunidade escolar da região; um plano nacional, assente no desenvolvimento de projectos de investigação e parcerias especializadas nas diferentes vertentes de estudo associadas à indústria mineira; e um plano internacional, com a promoção em concreto de uma parceria com a SEDPGYM, desenvolvendo um espaço ibérico de debate de conceitos e experiências, através da criação de um evento anual dedicado ao património dos carvões, a promover nas redes europeias de património mineiro e industrial.
A estrutura organizativa do Centro de Interpretação a instalar funda-se em quatro eixos de actuação:
1 - Interpretação, com a criação de uma exposição permanente da história e do património da actividade mineira local, destinado à comunidade escolar, aos riomaiorenses e a um público generalista interessado na temática do património industrial e mineiro;
2 – Investigação, com a constituição de um centro de documentação dotado de biblioteca especializada e particularmente vocacionado para um público-alvo de nível universitário;
3 – Dinamização, tendo como objectivo a revitalização cultural da comunidade riomaiorense e a afirmação de Rio Maior em redes nacionais e internacionais de cidades mineiras, criando um destino com potencial de atracção no sector do turismo cultural;
4 – Divulgação, através de uma política editorial que contribua para a colmatação de uma sensível ausência de publicações dedicadas à história e ao património do concelho de Rio Maior e permita alargar a bibliografia de referência sobre o património mineiro em Portugal.

O património mineiro do concelho de Rio Maior deverá ser recuperado numa estreita cooperação entre as entidades públicas, o movimento associativo e a comunidade local, com o envolvimento fundamental da antiga comunidade mineira, entretanto reunida no seio do CER em Comissão de antigos Funcionários da EICEL.
A instalação do Centro de Interpretação aguarda apenas, como ponto de partida, a disponibilidade da Câmara Municipal para o estabelecimento de protocolo com o CER e a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa tendo em vista o desenvolvimento e implementação, sem custos para o Município, de projecto de recuperação faseada da antiga fábrica de briquetes.

CER ASSEGUROU A ORGANIZAÇÃO DE ENCONTRO IBÉRICO DEDICADO AO PATRIMÓNIO MINEIRO DOS CARVÕES, A REALIZAR EM RIO MAIOR EM SETEMBRO DE 2011

Na sequência de cooperação existente, desde 2006, entre o vice-presidente do CER, a representação portuguesa da Sociedade Espanhola para a Defesa do Património Geológico e Mineiro (SEDPGYM), através do Dr. José Manuel Brandão, e a Secção de Minas da Associação Portuguesa para o Património Industrial (APPI-GEOMIN), o Centro de Estudos assegurou a realização em Rio Maior de um Encontro Ibérico dedicado ao património mineiro dos carvões, agendado para o primeiro fim de semana de Setembro de 2011, coincidindo com a nossa Feira anual.
O Memorando deste encontro, prevendo a apresentação de trabalhos por secções temáticas, a realização de conferências (sessões plenárias), de visitas de campo e de exposições, bem como a publicação de monografias dedicadas ao património mineiro riomaiorense, foi apresentado à Câmara Municipal, convidada pelo CER a integrar a organização.
O conjunto de entidades locais, nacionais e internacionais que integram o núcleo organizador aguarda resposta do executivo camarário sobre o seu interesse em acolher este evento que constituirá um importante contributo para a promoção de Rio Maior e do seu património.


UM PROJECTO DE CIDADANIA, CONTANDO COM A PARTICIPAÇÃO EMPENHADA DE DOIS GRUPOS DE ALUNOS DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE RIO MAIOR

Tendo conhecimento do projecto de recuperação da antiga fábrica de briquetes da mina do Espadanal, promovido pelo CER, dois grupos de alunos do 12.º ano da Escola Secundária de Rio Maior apresentaram o seu interesse no desenvolvimento de projectos dedicados à valorização do património mineiro do nosso concelho, em colaboração com esta associação.
Os projectos a desenvolver no ano lectivo recentemente iniciado, sob coordenação dos professores Paulo Costa de Sá e Rosa Batista, e que merecerão apresentação no Encontro Ibérico a realizar em Setembro de 2011, prevêem a realização de palestras e exposições, actividades didácticas, entrevistas aos antigos mineiros, organização de um encontro de voluntários para limpeza da fábrica de briquetes e execução de uma maqueta daquele complexo industrial.
O CER solicitou à Câmara Municipal de Rio Maior, no passado dia 26 de Outubro, a autorização para o início imediato de iniciativas de limpeza e execução de primeiras obras de conservação da antiga fábrica de briquetes.

In Região de Rio Maior nº1152, de 5 de Novembro de 2010

domingo, julho 18, 2010

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES APRESENTA À CÂMARA MUNICIPAL DE RIO MAIOR PROJECTO INTERNACIONAL PARA RESTAURO E MUSEALIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO MINEIRO.




















Em conversa com o nosso Director, e membro da Direcção do CER, António Feliciano Júnior, tomámos conhecimento da recente realização de reuniões para o estabelecimento de parceria entre esta Associação para a Defesa do Património, a Câmara Municipal de Rio Maior e o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo como objectivo a elaboração e implementação de projecto de restauro e musealização da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

O Projecto que, segundo soubemos, deverá ser realizado sem encargos para o Município e tem, desde já, preparada candidatura a financiamento no âmbito da Lei do Mecenato, prevê o desenvolvimento de um quadro de parcerias internacionais inédito no concelho de Rio Maior, merecendo o apoio do órgão consultivo da UNESCO para o património industrial (Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial, TICCIH), da Sociedade Espanhola para a Defesa do Património Geológico e Mineiro (SEDPGYM) e da Secção de Minas da Associação Portuguesa para o Património Industrial (APPI-GEOMIN).

É conhecido o vasto espólio mineiro reunido pelo CER, nos últimos anos, tendo como objectivo a criação de um museu mineiro, com a recolha de diversos maquinismos, centenas de fotografias e documentos históricos, bem como a recolha de património imaterial, através do envolvimento da antiga comunidade mineira em Comissão de Antigos Funcionários da EICEL, criada no seio desta associação.

Parecem assim estar reunidas as condições para o restauro e musealização da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal, sustentado num projecto sólido, com fundamento no mais reconhecido plano científico internacional e no apoio dos riomaiorenses.A comunidade local aguardará, certamente com expectativa, a apresentação pública deste projecto, que surge como corolário natural e consequente de um Processo de Estudo e Salvaguarda do Património Mineiro amplamente noticiado, desde 2006, nas páginas do Região de Rio Maior, e que vem mobilizando de forma inédita o empenho dos riomaiorenses na preservação da sua Memória Colectiva.

In Região de Rio Maior nº1136, de 16 de Julho de 2010

quarta-feira, julho 07, 2010

INVASÕES FRANCESAS EM DESTAQUE NA BIBLIOTECA

PROFESSOR DOUTOR ANTÓNIO PEDRO VICENTE FALOU SOBRE "RIO MAIOR NO TEMPO DE NAPOLEÃO"

No âmbito do bicentenário das Invasões Francesas, esteve no passado dia 26, na Biblioteca Municipal, o Professor Doutor António Pedro Vicente, para dar uma conferência sobre o tema "Rio Maior no tempo de Napoleão", a convite do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER).

Depois de Luís Laureano Santos (que acompanhava na mesa de honra, para além do conferencista, o irmão Alexandre Laureano Santos e João de Castro, presidente da Direcção do CER), ter feito um resumo do curriculo do conferencista, que é doutorado em História pela Universidade de Paris e professor catedrático de História Contemporânea na Universidade Nova de Lisboa, chegou a vez de António Pedro Vicente, perante uma sala lotadíssima, fazer um resumo do que foram as Invasões Francesas em Portugal que, para ele, não começaram, "como dizem os livros", com a vinda das tropas de Junot, mas sim em 1801, quando Napoleão enviou "notáveis engenheiros" para se inteirarem da toponímia e geografia do país. Em Outubro de 1807 as tropas francesas entraram então em Portugal, sob o comando de Junot, que já tinha sido embaixador em Lisboa e que tinha combatido em Itália, onde fora ferido na cabeça, tendo ficado, segundo o conferencista "meio louco", e também combateu no Egipto.

Aquela que se diz ser a terceira invasão francesa, mas que António Pedro Vicente considera ser a quarta, ficou marcada pela batalha do Buçaco onde morreram milhares de franceses, e muito menos aliados. Aí Junot combatia no exército liderado pelo Marechal André Massena, em Setembro de 1810. Em Outubro os franceses atingiram as Linhas de Torres, de onde saíram derrotados.

Depois dessa retirada das Linhas de Torres, deslocaram-se para a zona entre Rio Maior - Cartaxo - Santarém, onde se encontravam alimentos mais facilmente - os ingleses tinham dificultado ao máximo a vida dos invasores ao destruir propriedades agricolas, por exemplo. Foi nessa retirada que Junot deverá ter sido gravemente ferido na face, na zona de Rio Maior, tendo ficado ainda mais "louco". Diz-se até que quando se irritava, mesmo depois da recuperação, sangrava. A data de que se fala relativamente a este acontecimento é a de 19 de Março de 1811, mas António Pedro Vicente diz que "é mentira", uma vez que por essa altura os franceses já não estavam por cá, sendo Fevereiro a data mais provável.

António Pedro Vicente ofereceu alguns livros da sua autoria, sobre as invasões francesas, à biblioteca do CER.
No final houve um período de questões por parte dos interessados.

Zélia Vitorino. In Região de Rio Maior nº1134, de 2 de Julho de 2010

sexta-feira, junho 18, 2010

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES (CER) ORGANIZA CONFERÊNCIA NO ÂMBITO DO BICENTENÁRIO DAS INVASÕES FRANCESAS

Jean-Andoche Junot – General francês gravemente ferido em Rio Maior em 19 de Janeiro de 1811.

O Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), associação para a defesa do património do concelho de Rio Maior, organizará no próximo dia 26 de Junho, pelas 16h, no auditório da Biblioteca Municipal, uma Conferência no âmbito do Bicentenário das Invasões Francesas, subordinada ao tema: “Rio Maior no tempo de Napoleão” e proferida pelo Professor Doutor António Pedro Vicente.

O distinto orador é Doutorado em História pela Universidade de Paris (Nanterre). Professor Catedrático de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Académico de Número da Academia Portuguesa de História e sócio correspondente de várias instituições, entre as quais a Real Academia de História de Espanha, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, a Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes de S. Paulo e as Academias de História da Venezuela, México, Chile e Argentina. Foi Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Madrid (1982/86). Foi Vogal da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses em representação do Ministério da Educação. É Vogal da Comissão Portuguesa de História Militar e membro do seu Conselho Científico em representação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP). Prémio Calouste Gulbenkian de História, concedido pela Academia Portuguesa da História (2001). Prémio da Fundação António de Almeida (História), concedido pela Academia Portuguesa da História. Comendador da Ordem de Isabel, a Católica (Espanha). Comendador da Ordem de Mérito Civil (Espanha). Medalha de Honra da Universidade do Estado de S. Paulo (Brasil).

O CER convida todos os riomaiorenses a marcarem presença neste evento.

In Região de Rio Maior, nº1132, de 18 de Junho de 2010

sábado, junho 05, 2010

Com organização do Centro de Estudos Riomaiorenses. DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE INCIDIU NA SERRA DOS CANDEEIROS.


















A Jornada pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, promovida pelo Centro de Estudos Riomaiorenses (CER) em 22 de Maio, Dia Internacional da Biodiversidade ocorreu num dia de Primavera esplendoroso e sem vento, com uma atmosfera tão límpida que permitia descortinar os contornos da Serra da Arrábida do cimo dos Candeeiros. Cerca de quarenta participantes reuniram-se junto à igreja paroquial de Rio Maior e, num pequeno autocarro e em carros privados, fizeram rumo à serra.

A primeira paragem foi nas Salinas onde o Professor Doutor Fernando Mangas Catarino deu início a uma interessantíssima aula informal, semelhante a muitas outras que proferiu nesta serra aos seus alunos da Faculdade de Ciências.

A serra inicia-se próximo do Arrimal estendendo-se para sudoeste até a um paralelo a sul de Rio Maior, numa extensão de mais de 20km. Os Candeeiros podem ser considerados como integrando uma cordilheira que principia no topo meridional da Serra de Sintra, depois Montejunto, Candeeiros e Aire, Sicó, Lousã, Açor, Estrela e Malcata, limitando sempre a norte a bacia hidrográfica do Tejo. O conjunto da Serra de Aire e Candeeiros é composto por três maciços separados por depressões originadas por fracturas: Serra dos Candeeiros propriamente dita, Planalto de Santo António e Planalto de S. Mamede/ Serra de Aire, separados pelas depressões de Mendiga, de Alvados e de Minde. Este maciço de rochas resultou do enrugamento e da elevação da crosta terrestre por movimentos das placas tectónicas durante centenas de milhões de anos, elevando o leito do oceano tranformado pelo tempo em rocha calcária, formando-se assim enrugamentos, pregas, fendas e fracturas. A erosão do vento e das chuvas, os depósitos dos materiais desagregados nos vales cavados entre as pregas alteadas, a presença de uma vegetação rasteira consumida periodicamente pelos fogos estivais, a presença animal e a acção humana durante milhares de anos deram a forma actual à serra. A desagregação química da rocha calcária pelos materiais ácidos e a infiltração das águas das chuvas pelas fendas das rochas calcárias (acção cársica), à superfície e em profundidade, escavaram e moldaram na rocha uma extensíssima rede de galerias que durante as estações das chuvas se enchem de água e constituem as grutas. Esta vastíssima rede forma verdadeiras lagoas subterrâneas, constitui provavelmente o maior aquífero da península ibérica e é uma fonte imensa de recursos que deve ser conhecida, compreendida e respeitada.

Estas serras são ocupadas desde a mais remota antiguidade por populações humanas com culturas diversas que deixaram documentos da sua presença. Existem numerosos vestígios pré-históricos, nomeadamente em grutas que foram habitadas por populações em idades pré-históricas diferentes. Existem também vestígios de épocas muito posteriores de comunidades visigóticas, romanas, árabes e cristãs."


Fernando Catarino - uma lição a cada passo.

Das Salinas o grupo dirigiu-se para as Alcobertas e daqui para Casais Monizes. No trajecto houve várias paragens onde o Professor apontou exemplos da acção cársica nas rochas superficiais e da acção da erosão, mostrando exemplos da flora característica da serra, referindo-se às suas formas macroscópicas (árvores e arbustos) e às numerosíssimas espécies microscópicas, aos fungos, às algas e aos líquenes, mais abundantes nos locais húmidos e abrigados das fendas e dos algares. Entre as referências a dois motivos de interesse da serra, o Professor teve ocasião de ler e comentar um poema de Alberto Caeiro (um dos heterónimos de Fernando Pessoa), dando um tom de globalidade à sua lição. Mais adiante o grupo parou junto a uma área cultivada no planalto, regada pela água da chuva, onde numa baixa no cimo da serra, é possível cultivar cereais e produtos hortículas.

O grupo dirigiu-se ao Arrimal onde o Professor comentou a formação das lagoas e a modificação do seu aspecto ao longo das últimas centenas de anos. Referiu-se a que o Arrimal, no tempo da reconquista, seria uma espécie de éden, onde existiam lagoas de muito maior extensão que as actuais e uma flora composta por castanheiros, azinheiras e sobreiros de grande porte, dos quais ainda existem alguns exemplares certamente descendentes dos que então ocupavam uma muito mais extensa área florestal. Esta paisagem edílica terá sido o argumento de maior peso utilizado por D. Afonso Henriques para convencer os monges de Cister e fixarem-se nas terras do Oeste da Península, nesse tempo constituídas sobretudo por vastos terrenos pantanosos, alagadiços e insalubres (sobretudo pela presença de epidemias de origem hídrica e da malária).

O grupo almoçou no Restaurante Terra Chã, onde teve a presença de um simpático conjunto de músicos que integra o Rancho Folclórico de Chãos.

Depois, já na cidade de Rio Maior, Fernando Mangas Catarino proferiu uma interessante conferência sobre a flora serrana local a que deu o título de "Candeeiros que iluminam a Biodiversidade" e ao longo da qual descreveu as características de grande parte das plantas endémicas da Serra dos Candeeiros, para um auditório da Biblioteca Municipal muito bem composto.

"Rio Maior tem estado de costas voltadas para a sua serra e tem a obrigação de a «cultivar». A serra também somos nós, também é a nossa terra e por isso temos hoje connosco o Professor Fernando Catarino - um grande amigo da Serra dos Candeeiros", afirmou Alexandre Laureano Santos, médico cardiologista e presidente da Assembleia Geral do CER, na introdução à conferência.

Maria da Graça Alves Vieira, por sua vez, deu a conhecer alguns dos mais marcantes traços da personalidade do antigo director do jardim Botânico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.


(Fotografias gentilmente cedidas pelo Jornal Região de Rio Maior)


In Região de Rio Maior, nº1129, de 28 de Maio de 2010

domingo, maio 02, 2010

CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES ORGANIZA JORNADA NO ÂMBITO DO ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE


















O Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), associação para a defesa do património do concelho de Rio Maior, realizará, em colaboração com o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), no próximo dia 22 de Maio, uma Jornada no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, com o seguinte programa:

10h00 - Passeio à Serra dos Candeeiros (inscrição limitada, mediante contacto com a Direcção do CER).
13h00 - Almoço na Cooperativa Terra Chã.
16h00 - Conferência pública, proferida pelo Professor Doutor Fernando Mangas Catarino, na Biblioteca Municipal de Rio Maior, sob o título "Candeeiros que iluminam a Biodiversidade".

O distinto orador é Licenciado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) (1958), Doutorado em Biologia (1969) e Professor Catedrático, Jubilado em 2002 após 50 anos de docência na FCUL. Autor de extensa bibliografia, o Professor Doutor Fernando Mangas Catarino exerceu, durante duas décadas, as funções de Director do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências.

O CER convida todos os riomaiorenses a marcarem presença neste evento.

In Região de Rio Maior nº1125, de 30 de Abril de 2010

sexta-feira, abril 09, 2010

Por terem utilizado a Mina do Espadanal como lixeira, CENTRO DE ESTUDOS RIOMAIORENSES INTERPELA CÂMARA MUNICIPAL



















Segundo relata o presidente da direcção do Centro de Estudos Riomaiorenses (CER), João Pulquério Antunes de Castro, "em reunião ordinária realizada no passado dia 26 de Março, a direcção do CER tomou conhecimento, por comunicação de vários associados, da deposição de resíduos, provenientes da recolha efectuada no projecto Limpar Portugal, no espaço urbano envolvente à antiga Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal.

Após visita ao local, por dirigentes desta Associação de Defesa do Património, foi possível confirmar a gravidade da situação, que constituiu não apenas um atentado ambiental em pleno espaço urbano, como também uma negligência em face do processo de defesa do património mineiro amplamente suportado pela comunidade riomaiorense ao longo dos últimos anos.

Considerando tratar-se de um espaço urbano de elevada sensibilidde histórica - o que aliás é reconhecido pelo executivo camarário no seu programa eleitoral, no qual se propõe lançar um plano de restauro faseado do complexo mineiro, com instalação de núcleo museológico e criação de espaço verde público - e tendo simultaneamente em conta a proximidade de escassas dezenas de metros a um dos Centros Escolares da cidade, a direcção do CER oficiou à Câmara Municipal de Rio Maior solicitando a remoção urgente dos resíduos depositados, bem como a limpeza de todo o espaço envolvente da Fábrica de Briquetes da Mina do Espadanal".

O Dr. João de Castro finaliza o seu relato reconhecendo que a presidente da Câmara Municipal, Isaura Morais, "assumiu a rápida resolução deste lamentável incidente, tendo os resíduos sido imediatamente removidos do local."

C.D.




















In Região de Rio Maior nº1122, de 9 de Abril de 2010