(continuação do n.º 1174, de 8 de Abril de 2011, pág. 7)
Localizada a 80 km (50 minutos) de uma capital europeia (Lisboa) e servida de boas acessibilidades, a cidade de Rio Maior constitui o ponto focal de um território caracterizado por uma relevante diversidade de eventos geológicos, destacando-se o Maciço Calcário Estremenho, o Vale Tifónico e as Salinas da Fonte da Bica, o afloramento basáltico prismático de Alcobertas, a bacia de lignites e diatomites do Espadanal marcada por significativo património mineiro, e os importantes depósitos de areias de sílica ainda em exploração.
Localizada a 80 km (50 minutos) de uma capital europeia (Lisboa) e servida de boas acessibilidades, a cidade de Rio Maior constitui o ponto focal de um território caracterizado por uma relevante diversidade de eventos geológicos, destacando-se o Maciço Calcário Estremenho, o Vale Tifónico e as Salinas da Fonte da Bica, o afloramento basáltico prismático de Alcobertas, a bacia de lignites e diatomites do Espadanal marcada por significativo património mineiro, e os importantes depósitos de areias de sílica ainda em exploração.
Adivinha-se o potencial de criação de uma estratégia de valorização territorial assente no património geológico e mineiro – produto turístico apetecível pela sua diversidade paisagística, valor histórico e científico, acessibilidade e posicionamento geográfico, produzindo uma oferta profundamente firmada no território e abrindo perspectivas à exploração de vertentes complementares de turismo geomineiro, turismo cultural e turismo de habitação.
O interesse por este património natural, histórico e tecnológico ultrapassou já largamente um tradicional círculo de grupos socioprofissionais específicos (5), estendendo-se a um público cada vez mais alargado. Como reconhece Álvaro Domingues (2000), “o alargamento da escolarização, a renovação das metodologias pedagógicas (aprender vendo e fazendo), o interesse pela ciência e tecnologia, criaram públicos jovens ávidos por centros, cidades, museus… de ciência e tecnologia, onde a museologia industrial encontra um território fértil” (6).
O Programa Nacional de Ciência Viva constitui o mais destacado exemplo da concretização prática desta tendência em Portugal. Criado em 1996 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, compete a este programa “o apoio a acções dirigidas para a promoção da educação científica e tecnológica na sociedade portuguesa, com especial ênfase nas camadas mais jovens e na população escolar dos ensinos básico e secundário” (7).
A Ciência Viva desenvolve-se em três vertentes:
1. Ciência Viva nas Escolas, através de um “programa de apoio ao ensino experimental das ciências e à promoção da educação científica na escola” (8).
2. A Rede Nacional de Centros Ciência Viva, “concebidos como espaços interactivos de divulgação científica para a população” (9), constituindo “plataformas de desenvolvimento regional – científico, cultural e económico – através da dinamização dos actores regionais mais activos nestas áreas” (10).
3. Divulgação Científica e Tecnológica, através de “campanhas nacionais de divulgação científica, estimulando o associativismo científico e proporcionando à população oportunidades de observação de índole científica e de contacto directo e pessoal com especialistas em diferentes áreas do saber” (11).
O estabelecimento de uma rede de Centros de Ciência Viva em todo o território nacional vem sendo realizado com o apoio de universidades, autarquias, empresas e outros agentes de desenvolvimento regional, constituindo os lugares por excelência da aproximação dos cidadãos à ciência e ao património científico e tecnológico.
A Rede Nacional de Centros Ciência Viva é actualmente composta por 19 Centros distribuídos peloterritório continental e ilhas (12). O sucesso é mensurável nos números de visitantes registados, de entre os quais se destaca o Pavilhão do Conhecimento (13), em Lisboa, com 2.572.373 visitantes (uma média diária de 800 visitantes) desde a sua abertura até ao final de Dezembro de 2009. Importa, no entanto, retermos o exemplo mais próximo da realidade do concelho de Rio Maior: o Centro de Ciência Viva do Alviela (14), em Alcanena, inaugurado a 15 de Dezembro de 2007, que registou desde então, e até Julho de 2010, mais de 48.700 visitantes (uma média diária de 300 visitantes).
O primeiro Centro de Ciência Viva dedicado à actividade mineira foi oficialmente inaugurado a 29 de Junho de 2010 nas Minas do Lousal (15), concelho de Grândola, concretizando um investimento de 2.500.000€, num projecto participado pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, pela Faculdade de Ciências e o Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, pela Câmara Municipal de Grândola e pela Fundação Frédéric Velge, proprietária da antiga exploração mineira.
O projecto de recuperação e reutilização da antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal oferece, pela relevância histórica e tecnológica do património existente, um quadro de oportunidade para o estudo de futura instalação de um Centro de Ciência Viva dedicado à indústria mineira dos carvões. Uma primeira etapa neste percurso se antevê, no entanto, necessária: a reinstalação do património mineiro no quadro de vida da cidade de Rio Maior e a sua divulgação junto das comunidades escolar e científica e do público em geral. Com esse objectivo propomos o desenvolvimento de duas iniciativas coordenadas: a criação de um Parque Geomineiro nas antigas parcelas do Couto Mineiro do Espadanal e o estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais para a sua promoção.
O projecto de recuperação e reutilização da antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal oferece, pela relevância histórica e tecnológica do património existente, um quadro de oportunidade para o estudo de futura instalação de um Centro de Ciência Viva dedicado à indústria mineira dos carvões. Uma primeira etapa neste percurso se antevê, no entanto, necessária: a reinstalação do património mineiro no quadro de vida da cidade de Rio Maior e a sua divulgação junto das comunidades escolar e científica e do público em geral. Com esse objectivo propomos o desenvolvimento de duas iniciativas coordenadas: a criação de um Parque Geomineiro nas antigas parcelas do Couto Mineiro do Espadanal e o estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais para a sua promoção.
Notas:
(5) BRANDÃO, J.M. – “Recuperação e fruição de uma herança patrimonial comum”. In Actas do Congresso Internacional sobre Património Geológico e Mineiro. Lisboa: Museu do Instituto Geológico e Mineiro, 2002, pág. 7.
(5) BRANDÃO, J.M. – “Recuperação e fruição de uma herança patrimonial comum”. In Actas do Congresso Internacional sobre Património Geológico e Mineiro. Lisboa: Museu do Instituto Geológico e Mineiro, 2002, pág. 7.
(6) DOMINGUES, Álvaro – “Museologia Industrial – O que está a mudar?”. In 1º Encontro Internacional sobre Património e sua Museologia. Comunicações. Lisboa: EPAL, 2000, pp.7-10.
(7) “Ciência Viva – A Agência Ciência Viva”. Disponível na internet via: http://www.cienciaviva.pt/cienciaviva/agencia.asp
(8) “Ciência Viva – O Programa”. Disponível na internet via: http://www.cienciaviva.pt/cienciaviva/programa/
(9) Idem, ibidem.
(10) Idem, ibidem.
(11) Idem, ibidem.
(12) Página Web da Rede Nacional de Centros Ciência Viva. Disponível na internet via: http://www.centroscienciaviva.pt/
(13) Dados disponíveis na página Web do Pavilhão do Conhecimento. Disponível na internet via: http://www.pavconhecimento.pt/pavilhao/n_visitantes/
(14) Dados disponíveis na página Web do Centro de Ciência Viva do Alviela. Disponível na internet via: http://www.alviela.cienciaviva.pt/centro/visitantes/
(15) Página Web do Centro de Ciência Viva do Lousal. Disponível na internet via: http://www.lousal.cienciaviva.pt/
(Continua no próximo número do Região de Rio Maior)
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